Exibir código-fonte para Cruz e Sousa

{{Mais notas|data=junho de 2019}}
{{Info/Biografia
| nome = Cruz e Sousa
| nome_completo = João da Cruz e Sousa
| imagem = Cruz_e_Sousa.jpg
| imagem_tamanho = 200px
| nacionalidade = {{BRAb}} [[brasileiro]] 
| legenda = ''Gravura de Cruz e Sousa por Mauricio Jobim''
| data_nascimento = {{dni|24|11|1861|si}}
| local_nascimento = Nossa Senhora do Desterro, atual [[Florianópolis]],<br>[[Santa Catarina]]
| data_morte = {{nowrap|{{morte|19|3|1898|24|11|1861}}}}
| local_morte = Curral Novo, atual [[Antônio Carlos (Minas Gerais)|Antônio Carlos]], [[Minas Gerais]]
| ocupação = [[Poeta]]
| magnum_opus = ''Evocações''
| escola = [[Simbolismo]]
| Nome do Pai = Guilherme da Cruz
| Nome da Mae = Carolina Eva da Conceição
}}
'''João da Cruz e Sousa''' ([[Florianópolis|Nossa Senhora do Desterro]], [[24 de novembro]] de [[1861]] — [[Antônio Carlos (Minas Gerais)|Curral Novo]], [[19 de março]] de [[1898]]) foi um [[poesia|poeta]] [[brasil]]eiro. Com a alcunha de ''Dante Negro'' ou ''Cisne Negro'', foi um dos precursores do [[simbolismo]] no [[Brasil]].

Segundo [[Antonio Candido]], Cruz e Sousa foi o "único escritor eminente de pura raça negra na literatura brasileira, onde são numerosos os mestiços".<ref name=candido>Antonio Candido. Iniciação à Literatura Brasileira, ISBN, 2015</ref>

==Biografia==
Nasceu dia 24 de novembro de 1861, filho dos [[escravidão no Brasil|escravos]] [[alforria]]dos Guilherme da Cruz, mestre-pedreiro, e Carolina Eva da Conceição. João da Cruz desde pequeno recebeu a tutela e uma educação refinada de seu ex-senhor, o marechal [[Guilherme Xavier de Sousa]] - de quem adotou o nome de família, Sousa.<ref name="UOL -Educação"/><ref>LEMINSKI, Paulo. Cruz e Sousa (s.d.). São Paulo: Brasiliense.</ref> A esposa de Guilherme Xavier de Sousa, Dona Clarinda Fagundes Xavier de Sousa, não tinha filhos, e passou a proteger e cuidar da educação de João. Aprendeu [[língua francesa|francês]], [[latim]] e [[língua grega antiga|grego]], além de ter sido discípulo do alemão [[Fritz Müller]], com quem aprendeu [[Matemática]] e Ciências Naturais.<ref name="Brasil Escola">{{citar web |url=http://www.brasilescola.com/biografia/joao-cruz-sousa.htm |título=João Cruz e Sousa |acessodata=24 de novembro de 2012 |autor=Rodrigo Gâmbera |obra=R7 |publicado=Brasil Escola}}</ref>

Em 1881, dirigiu o jornal [[Tribuna Popular]], no qual combateu a escravidão e o [[preconceito racial]]. Em 1883, foi recusado como promotor de [[Laguna (Santa Catarina)|Laguna]] por ser negro.<ref name="UOL -Educação">{{citar web |url=http://educacao.uol.com.br/biografias/cruz-e-sousa.jhtm |título=Cruz e Sousa |acessodata=24 de novembro de 2012 |publicado=UOL - Educação}}</ref> Em 1885, lançou o primeiro livro, ''Tropos e Fantasias'' em parceria com [[Virgílio Várzea]]. Cinco anos depois foi para o [[Rio de Janeiro (cidade)|Rio de Janeiro]],<ref name="Brasil Escola"/> onde trabalhou como arquivista na [[Estrada de Ferro Central do Brasil]], colaborando também com diversos jornais. Em fevereiro de 1893, publicou ''Missal'' ([[prosa poética]] [[Charles Baudelaire|baudelairiana]]) e em agosto, ''Broquéis'' (poesia), dando início ao [[simbolismo]] no Brasil que se estende até 1922.<ref name="Brasil Escola"/> Em novembro desse mesmo ano casou-se com Gavita Gonçalves, também negra, com quem teve quatro filhos, todos mortos prematuramente por [[tuberculose]], levando-a à [[loucura]].<ref>EW, Atelaine Normann; FILIPOUSKI, Ana Mariza Ribeiro. Literatura Brasileira e Portuguesa. In: LUFT, Celso et al. ''Novo Manual de Português''. 3. ed. São Paulo: [[Editora Globo]], 1996. p. 336</ref>

==Morte==
Morreu a 19 de março de 1898 em [[Minas Gerais]], na localidade de Curral Novo, então pertencente ao município de [[Barbacena (Minas Gerais)|Barbacena]]. Em 1948, a localidade se emancipou e passou a se chamar [[Antônio Carlos (Minas Gerais)|Antônio Carlos]]. Cruz e Sousa estava em Curral Novo pois fora transportado às pressas vencido pela [[tuberculose]].<ref name="Brasil Escola"/> Teve o seu corpo transportado para o Rio de Janeiro em um vagão destinado ao transporte de cavalos. Ao chegar, foi sepultado no [[Cemitério de São Francisco Xavier (Rio de Janeiro)|Cemitério de São Francisco Xavier]] por seus amigos, dentre eles [[José do Patrocínio]], onde permaneceu até 2007, quando seus restos mortais foram então acolhidos no [[Palácio Cruz e Sousa]], antigo palácio de governo do estado de [[Santa Catarina]] e atual [[Museu Histórico de Santa Catarina]], no centro de Florianópolis.<ref name="UOL -Educação"/>

Cruz e Sousa é um dos patronos da [[Academia Catarinense de Letras]], representando a cadeira número 15.

==Análise da obra==
Seus poemas são marcados pela musicalidade (uso constante de [[aliteração|aliterações]]), pelo [[individualismo]], pelo [[sensualismo]], às vezes pelo desespero, às vezes pelo apaziguamento, além de uma obsessão pela [[Branco|cor branca]].<ref name="UOL -Educação"/> É certo que encontram-se muitas referências à cor branca, assim como à [[transparência]], à translucidez, à [[nebulosidade]] e aos brilhos, e a muitas outras cores, todas sempre presentes em seus versos.<ref name="Brasil Escola"/>

No aspecto de influências do simbolismo,<ref>EW, A. N.; FILIPOUSKI, A. M. R., 1996. p. 336</ref> nota-se uma amálgama que conflui águas do [[satanismo]] de [[Charles Baudelaire]] ao [[espiritualismo]] (e dentro desse, ideias [[budismo|budistas]] e [[espiritismo|espíritas]]) ligados tanto à tendências estéticas vigentes como às fases na vida do autor.

<div style="float:right; border:1px solid gray; padding:5px; margin:0 0 1em 1em; text-align:right; background:#f9f9f9; width:271px;">
''[[Lésbica|LÉSBIA]] <br>''
<br>

<poem>
Cróton selvagem, [[tinhorão]] lascivo,
Planta mortal, carnívora, sangrenta,
Da tua carne báquica rebenta
A vermelha explosão de um sangue vivo.

Nesse lábio mordente e convulsivo,
Ri, ri risadas de expressão violenta
O [[Amor]], trágico e triste, e passe, lenta,
A morte, o espasmo gélido, aflitivo...

[[Lésbica|Lésbia]] nervosa, fascinante e doente,
Cruel e demoníaca serpente
Das flamejantes atrações do gozo.

Dos teus [[seio]]s acídulos, amargos,
Fluem capros aromas e os letargos,
Os [[ópio]]s de um luar tuberculoso...

-- Cruz e Sousa / [[Broquéis]] (1893).
</poem>
</div>

Embora quase metade da população brasileira seja não branca, poucos foram os escritores negros, mulatos ou indígenas. Cruz e Sousa, por exemplo, é acusado de ter-se omitido quanto a questões referentes à condição negra. Mesmo tendo sido filho de escravos e recebido a alcunha de "Cisne Negro", o poeta João da Cruz e Sousa não conseguiu escapar das acusações de indiferença pela causa abolicionista. A acusação, porém, não procede, pois, apesar de a poesia social não fazer parte do projeto poético do [[simbolismo]] nem de seu projeto particular, o autor, em alguns poemas, retratou metaforicamente a condição do escravo. Cruz e Sousa militou, sim, contra a escravidão.<ref name="UOL -Educação"/> Tanto da forma mais corriqueira, fundando jornais e proferindo palestras por exemplo, participando, curiosamente, da campanha antiescravagista promovida pela sociedade carnavalesca ''Diabo a quatro'', quanto nos seus textos abolicionistas, demonstrando desgosto com a condução do movimento pela família imperial.<ref name="Brasil Escola"/>

Quando Cruz e Sousa diz "brancura", é preciso recorrer aos mais altos significados desta palavra, muito além da cor em si.

== Obras ==
*''[[Broquéis]]'' (1893, poesia)
*''Missal'' (1893, poemas em prosa)
*''Tropos e Fantasias'' (1885, poemas em prosa, junto a [[Virgílio Várzea]])

===Obra póstuma===
*''Últimos Sonetos'' (1905)
*''[[s:Evocações'|Evocações]]'' (1898, poemas em prosa)
*''[[s:Faróis|Faróis]]'' (1900, poesia)
*''[[Outras evocações]]'' (1961, poema em prosa)
*''[[O livro Derradeiro]]'' (1961, poesia)
*''[[Dispersos]]'' (1961, poemas em prosa)

==Legado==
Em [[Florianópolis]], onde Cruz e Sousa nasceu, o antigo Palácio do Governo recebeu o nome do poeta e lá encontram-se seus restos mortais: é o [[Palácio Cruz e Sousa|Palácio Cruz e Souza]], prédio eclético que fica próximo a [[Praça XV de Novembro (Florianópolis)|Praça XV de Novembro]] e é um ponto turístico da cidade. Um grande mural com a imagem do poeta fica no prédio vizinho ao palácio.<ref>{{citar web|url=https://g1.globo.com/sc/santa-catarina/noticia/2019/07/11/mural-em-homenagem-ao-poeta-cruz-e-sousa-e-inaugurado-em-florianopolis-com-leitura-de-poemas.ghtml|titulo=Mural em homenagem ao poeta Cruz e Sousa é inaugurado em Florianópolis com leitura de poemas|publicado=[[G1]]}}</ref> Além disso, vários municípios o homenageiam usando seu nome para nomear ruas e avenidas.

[[Sylvio Back]] dirigiu um filme sobre o poeta lançado em 1998. Interpretou Cruz e Sousa o ator [[Kadu Karneiro]]. Todo o texto do filme é só de poemas de Cruz e Sousa.

Em [[Lages]], existe o Clube Cruz e Souza, que preserva a sua história e promove a cultura negra.

[[Joel Rufino dos Santos]] publicou em 2012 o romance ''Claros sussurros de celestes ventos'', em que figuram como personagens tanto o poeta quanto a Núbia que dá nome a um poema em ''Broquéis''.

==Ver também==
*[[Academia Catarinense de Letras]]

{{Referências|col=2}}

==Bibliografia==
{{Refbegin}}
*COUTINHO, Afrânio; SOUSA, J. Galante de. ''Enciclopédia de literatura brasileira''. São Paulo: Global.
*LEMINSKI, Paulo. ''Cruz e Sousa''. São Paulo: Brasiliense. Coleção Encanto Radical, n. 24, 79 p.
*MENEZES, Raimundo de. ''Escritores na intimidade''. São Paulo: Livraria Martins Editora, 1949.
{{Refend}}

==Ligações externas==
{{Correlatos
|commons= Cruz e Sousa
|wikiquote= Cruz e Sousa
|wikisource= Autor:Cruz e Sousa
}}
*[http://www.cfh.ufsc.br/~simpozio/Cruz_e_Souza/978sc000.html Cruz e Sousa - Mestre do Simbolismo]. Biografia sobre o poeta catarinense escrita pelo Prof. Evaldo Pauli.
*[https://web.archive.org/web/20110530033006/http://www1.an.com.br/cruz/index.html Jornal ''A Notícia'': Especial Cruz e Sousa]
*[https://web.archive.org/web/20130730165750/http://fcc.sc.gov.br/cruzesousa/ Obra completa]
*[https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/123198/000822571.pdf?sequence=1 Allyne Fiorentino de Oliveira "Aspectos do poema em prosa de Cruz e Sousa e Rubén Darío"]
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[[Categoria:Naturais de Florianópolis]]