Mudanças entre as edições de "Sobre a WikiAfro"
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Carta da UNEafro aos alunos da ESPM | Carta da UNEafro aos alunos da ESPM | ||
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Enunciar nomes e histórias, inscrever no mundo a vida de quem se dedica ou se dedicou ao seu povo é tarefa coletiva. Saudar quem veio antes, quem está e quem virá. O movimento negro social tem essa tarefa em mãos, utilizando como impulso para o rompimento das estruturas racistas. Assim também se constrói a UNEafro Brasil, rede de cursinhos populares para jovens negros e periféricos, que através da educação emancipadora rememora a verdadeira história do Brasil. | Enunciar nomes e histórias, inscrever no mundo a vida de quem se dedica ou se dedicou ao seu povo é tarefa coletiva. Saudar quem veio antes, quem está e quem virá. O movimento negro social tem essa tarefa em mãos, utilizando como impulso para o rompimento das estruturas racistas. Assim também se constrói a UNEafro Brasil, rede de cursinhos populares para jovens negros e periféricos, que através da educação emancipadora rememora a verdadeira história do Brasil. | ||
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Nesse sentido, participar do processo de curadoria de 50 personalidades negras, de diferentes territórios, profissões e atuações na luta contra o racismo no Brasil, e da co-criação do jogo Baobá – Personalidades Negras que Você Precisa Conhecer, é contribuir com a reconstrução do passado ao qual todos os afro-brasileiros estão ligados, projetando um mundo onde negras e negros sejam todos lembrados pelas suas reais contribuições, talentos, fazeres e sonhos. | Nesse sentido, participar do processo de curadoria de 50 personalidades negras, de diferentes territórios, profissões e atuações na luta contra o racismo no Brasil, e da co-criação do jogo Baobá – Personalidades Negras que Você Precisa Conhecer, é contribuir com a reconstrução do passado ao qual todos os afro-brasileiros estão ligados, projetando um mundo onde negras e negros sejam todos lembrados pelas suas reais contribuições, talentos, fazeres e sonhos. | ||
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Em época de ações antirracistas tomando as ruas de várias cidades no mundo, e também a internet, aliadas e aliados se manifestam para escancarar as desigualdades provenientes do racismo estrutural, que reflete no dia a dia de uma sociedade contaminada pela violência de raça. Nesse sentido, é uma grande satisfação contribuir a essa iniciativa do Laboratório de Formatos Híbridos de Jornalismo da ESPM, suas alunas e alunos. Apresentar personalidades negras brasileiras de forma lúdica, a diferentes públicos, negros e não-negros, é uma ação antirracista importantíssima. É reavivar a memória da diáspora africana. | Em época de ações antirracistas tomando as ruas de várias cidades no mundo, e também a internet, aliadas e aliados se manifestam para escancarar as desigualdades provenientes do racismo estrutural, que reflete no dia a dia de uma sociedade contaminada pela violência de raça. Nesse sentido, é uma grande satisfação contribuir a essa iniciativa do Laboratório de Formatos Híbridos de Jornalismo da ESPM, suas alunas e alunos. Apresentar personalidades negras brasileiras de forma lúdica, a diferentes públicos, negros e não-negros, é uma ação antirracista importantíssima. É reavivar a memória da diáspora africana. | ||
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Todo o processo tem sido rico. De maneira coletiva e colaborativa, desde a curadoria de nomes até o design do jogo, a diáspora africana e as confluências territoriais e identitárias no Brasil têm sido respeitadas e valorizadas. | Todo o processo tem sido rico. De maneira coletiva e colaborativa, desde a curadoria de nomes até o design do jogo, a diáspora africana e as confluências territoriais e identitárias no Brasil têm sido respeitadas e valorizadas. | ||
Aguardamos ansiosas e ansiosos pelos caminhos que serão abertos por esse projeto, assim como seus frutos. Que ações antirracistas como essa sejam cotidianas nas universidades do Brasil e na ESPM. | Aguardamos ansiosas e ansiosos pelos caminhos que serão abertos por esse projeto, assim como seus frutos. Que ações antirracistas como essa sejam cotidianas nas universidades do Brasil e na ESPM. | ||
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Jessica Ferreira, Wellington Lopes e Rafael Bantu (UNEafro Brasil) | Jessica Ferreira, Wellington Lopes e Rafael Bantu (UNEafro Brasil) |
Edição atual tal como às 11h00min de 20 de março de 2022
Este texto foi enviado para publicação na Revista Plural, feita pelos alunos de jornalismo da ESPM-SP.
Onde estão os negros?
LabFor, Design Lab ESPM, UNEafro e Wikipedia juntaram-se para montar uma lista com afro-brasileiros e brasileiras notáveis. Aqui está um making of do processo
A ideia parecia simples: o Laboratório de Formatos Híbridos e o Design Lab da ESPM juntos para produzir uma lista com os nomes de pessoas negras que transformaram e transformam a história do nosso país. Talvez você possa citar de cabeça nomes mais universais, como Machado de Assis, Pelé ou Marta. Talvez se lembre de alguns cantores, cantoras, atrizes ou atores da Globo. Mas o Brasil foi construído, também na educação, na ciência, na inovação social, no direito, na arquitetura, na política, por afrodescendentes. Milhões de pessoas, em todos os campos. Entre estes, muitos são de importância histórica, mas não conhecemos suas histórias. Por que não os conhecemos?
Estas primeiras perguntas surgiram logo que iniciamos o projeto, a princípio unificando as listas de personalidades negras disponíveis na web, para depois selecionar 50 delas e criar um jogo de cartas que pudesse ser utilizado em escolas.
Enquanto corria a pesquisa, fomos ouvir gente que ajudasse a ancorar o trabalho. Bianca Santana, jornalista, ativista, pesquisadora e autora do livro Quando Me Descobri Negra, fez a conexão com a Wikipedia e a UNEafro, um movimento com atuação em diversas áreas, com o trabalho mais conhecido sendo os cursinhos pré-vestibulares comunitários que já atenderam mais de 10 mil jovens e adultos vindos de escolas públicas, prioritariamente pessoas negras.
Desde o início, notamos algumas coisas. A própria Wikipedia não tem uma seleção significativa em sua Lista de Afro-Brasileiros: apenas 125 pessoas estão na principal enciclopédia da web. Destes, 64 nomes são da música e 42 dos esportes, a maioria do futebol. "Além da nossa ignorância, por conhecermos tão poucas personalidades negras importantes, percebemos que existem negros e negras com grandes realizações em todas as áreas de conhecimento, que ficam invisíveis", conta Sergio Miguel, aluno que coordenou parte dos trabalhos do LabFor.
Nossa lista crescia, com mais de 500 nomes, na medida em que incluímos os 120 nomes do catálogo Intelectuais Negras Visíveis, organizado pela pesquisadora Giovana Xavier, e aqueles do livro Afro-Brasil Reluzente: 100 personalidades notáveis do século XX, do músico e pesquisador Nei Lopes, com quem inclusive fizemos uma live. “Essa lista não tem fim, o céu é o limite. A estratégia é não pensar em limites”, nos disse.
Mas se nossa WikiAfro, página que a UNEafro instalou em seus servidores para receber nossa pesquisa, poderia ser infinita, precisávamos escolher apenas 50 nomes para o jogo de cartas. Com ajuda da Universidade Federal de Goiás (UFG), da Associação Brasileira de Pesquisadores(as) Negros(as), do Centro Esportivo de Capoeira Angola João Pequeno de Pastinha, da própria UNEafro e da Universidade de Princeton, nos EUA, chegamos aos que teriam seus nomes impressos.
O Design Lab ESPM trouxe a ideia do nome do jogo: Baobá - Personalidades Negras que Você Precisa Conhecer. Baobá é uma árvore típica de regiões africanas que pode viver milhares de anos, e por isso símbolo de força e resistência. “Estamos honrados em poder fazer parte de um projeto que tem o peso e significado que o assunto nos impõe e, acima de tudo, muito felizes em poder participar e em trazer uma base conceitual de design forte para um projeto que demanda um nível elevado de pesquisa e comprometimento”, disse Luíza Soares, coordenadora do projeto no Design Lab ESPM.
Giovanna Fontenelle, gestora de projetos da Wikipedia Brasil que organizou para os alunos do LabFor uma aula online sobre edição da wiki, comentou no mesmo tom: "Este projeto não apenas localizou e entendeu uma demanda comunicacional vigente do nosso tempo, que é a falta de representação de pessoas pretas, como também ativamente trabalhou para mudar e corrigir essa desigualdade”.
Carta da UNEafro aos alunos da ESPM
Enunciar nomes e histórias, inscrever no mundo a vida de quem se dedica ou se dedicou ao seu povo é tarefa coletiva. Saudar quem veio antes, quem está e quem virá. O movimento negro social tem essa tarefa em mãos, utilizando como impulso para o rompimento das estruturas racistas. Assim também se constrói a UNEafro Brasil, rede de cursinhos populares para jovens negros e periféricos, que através da educação emancipadora rememora a verdadeira história do Brasil.
Nesse sentido, participar do processo de curadoria de 50 personalidades negras, de diferentes territórios, profissões e atuações na luta contra o racismo no Brasil, e da co-criação do jogo Baobá – Personalidades Negras que Você Precisa Conhecer, é contribuir com a reconstrução do passado ao qual todos os afro-brasileiros estão ligados, projetando um mundo onde negras e negros sejam todos lembrados pelas suas reais contribuições, talentos, fazeres e sonhos.
Em época de ações antirracistas tomando as ruas de várias cidades no mundo, e também a internet, aliadas e aliados se manifestam para escancarar as desigualdades provenientes do racismo estrutural, que reflete no dia a dia de uma sociedade contaminada pela violência de raça. Nesse sentido, é uma grande satisfação contribuir a essa iniciativa do Laboratório de Formatos Híbridos de Jornalismo da ESPM, suas alunas e alunos. Apresentar personalidades negras brasileiras de forma lúdica, a diferentes públicos, negros e não-negros, é uma ação antirracista importantíssima. É reavivar a memória da diáspora africana.
Todo o processo tem sido rico. De maneira coletiva e colaborativa, desde a curadoria de nomes até o design do jogo, a diáspora africana e as confluências territoriais e identitárias no Brasil têm sido respeitadas e valorizadas.
Aguardamos ansiosas e ansiosos pelos caminhos que serão abertos por esse projeto, assim como seus frutos. Que ações antirracistas como essa sejam cotidianas nas universidades do Brasil e na ESPM.
Jessica Ferreira, Wellington Lopes e Rafael Bantu (UNEafro Brasil)