Mudanças entre as edições de "Jamile Menezes"
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− | '''Jamile Menezes de Almeida Santos''' ([[Salvador]], [[Bahia]], [[22 de maio]] de [[1982]]) é jornalista formada pela [[Faculdade da Cidade de Salvador]] (CRA-BA), assessora de imprensa e criadora do portal de comunicação '''[[Soteropreta]]''' sobre a cultura negra de Salvador e região metropolitana. É pós-graduanda em Influência Digital na [[Universidade Salvador]] (UNIFACS). | + | '''Jamile Menezes de Almeida Santos''' ([[Salvador]], [[Bahia]], [[22 de maio]] de [[1982]]) é '''[[jornalista]]''' formada pela [[Faculdade da Cidade de Salvador]] (CRA-BA), '''[[assessora de imprensa]]''' e '''criadora do portal de comunicação''' '''[[Soteropreta]]''' sobre a [[cultura negra]] de Salvador e [[região metropolitana]]. É pós-graduanda em '''[[Influência Digital]]''' na [[Universidade Salvador]] (UNIFACS). |
Jamile conta com passagens pelo '''[[Jornal Irohin]]''' e na redação da '''[[Folha Dirigida]]''', ambos veículos de Salvador, mas ela se identifica mais pelo trabalho em assessorias de imprensa. Assim, já fez parte do time de assessoria da '''[[Fundação Pedro Calmon]]''' e da '''[[Defensoria Pública do Estado]]''', além de já ter se aventurado no mundo da política com a deputada estadual '''[[Fátima Nunes]]''', do '''[[Partido dos Trabalhadores]]''' (PT). Hoje ela é coordenadora da assessoria de comunicação da '''[[Fundação Cultural do Estado da Bahia]]''' (FUNCEB), vinculada à '''[[Secretaria de Cultura baiana]]''' (SecultBA). | Jamile conta com passagens pelo '''[[Jornal Irohin]]''' e na redação da '''[[Folha Dirigida]]''', ambos veículos de Salvador, mas ela se identifica mais pelo trabalho em assessorias de imprensa. Assim, já fez parte do time de assessoria da '''[[Fundação Pedro Calmon]]''' e da '''[[Defensoria Pública do Estado]]''', além de já ter se aventurado no mundo da política com a deputada estadual '''[[Fátima Nunes]]''', do '''[[Partido dos Trabalhadores]]''' (PT). Hoje ela é coordenadora da assessoria de comunicação da '''[[Fundação Cultural do Estado da Bahia]]''' (FUNCEB), vinculada à '''[[Secretaria de Cultura baiana]]''' (SecultBA). | ||
− | Filha de Romilda Menezes de Almeida Santos e Natanael Alcântara Santos, ela também é a irmã mais nova de Carolina Menezes. Jamile nasceu e cresceu em '''[[Salvador]]''' e mesmo sem muitas memórias de sua infância, a jornalista recorda como era uma criança introvertida e tímida. Hoje, reconhece que, através da comunicação, ela se tornou uma pessoa mais aberta. | + | Filha de Romilda Menezes de Almeida Santos e Natanael Alcântara Santos, ela também é a irmã mais nova de Carolina Menezes. Jamile nasceu e cresceu em '''[[Salvador]]''' e mesmo sem muitas memórias de sua infância, a jornalista recorda como era uma criança '''[[introvertida]]''' e '''[[tímida]]'''. Hoje, reconhece que, através da '''[[comunicação]]''', ela se tornou uma pessoa mais aberta. |
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− | O ano de 2014 foi bem agitado para vida pessoal e profissional de Jamile, quando decidiu criar a plataforma de comunicação '''[[Soteropreta]]''': o primeiro portal exclusivo sobre | + | O ano de 2014 foi bem agitado para vida pessoal e profissional de Jamile, quando decidiu criar a '''plataforma de comunicação''' '''[[Soteropreta]]''': o '''primeiro portal exclusivo sobre cultura negra em Salvador e região metropolitana'''. A jornalista criou o portal por impulso, motivada pelo desejo de construir um '''veículo de comunicação próprio.'''[1] Além de seus próprios sentimentos, Jamile também sentia que existia a '''demanda de um espaço onde a cultura negra pudesse ser mais bem divulgada na capital baiana'''. |
− | O [[Soteropreta]] também surge com uma proposta de quebrar com os conteúdos dos veículos de comunicação tradicionais. Ou seja, a ideia era dar destaque para a cultura negra a todo momento, e não só durante o mês de conscientização. Trazer o tema para além do racismo. Jamile já tentou espaço na mídia convencional através da produção e envio de uma série de matérias sobre o assunto, mas nunca teve retorno.[2] | + | O [[Soteropreta]] também surge com uma '''proposta de quebrar com os conteúdos dos veículos de comunicação tradicionais'''. Ou seja, a ideia era dar '''destaque para a cultura negra a todo momento''', e não só durante o mês de conscientização. Trazer o tema para além do racismo. Jamile já tentou espaço na [[mídia convencional]] através da produção e envio de uma série de matérias sobre o assunto, mas nunca teve retorno.[2] |
− | Aos poucos, o veículo começou a ganhar destaque nas mídias. O '''[[Portal Afreaka]]''' publicou uma análise sobre a importância do [[Soteropreta]], que chegava à época, trazendo análises sobre conjuntura da comunicação negra e o desafio de se manter firme nesse propósito. Dessa forma, o portal criado por Jamile estava conseguindo com que as pautas sobre negritude chegassem até mais pessoas. A jornalista recebe por volta de 30 a 40 e-mails por dia de sugestões de pauta de diversos lugares do Brasil. Hoje, o veículo tem cinco anos de existência e conseguiu um lugar de destaque no [[Estado da Bahia]].[3] | + | Aos poucos, o veículo começou a ganhar destaque nas mídias. O '''[[Portal Afreaka]]''' publicou uma análise sobre a importância do [[Soteropreta]], que chegava à época, trazendo análises sobre conjuntura da comunicação negra e o desafio de se manter firme nesse propósito. Dessa forma, o portal criado por Jamile estava conseguindo com que as pautas sobre [[negritude]] chegassem até mais pessoas. A jornalista recebe por volta de 30 a 40 e-mails por dia de sugestões de pauta de diversos lugares do Brasil. Hoje, o veículo tem '''cinco anos de existência''' e conseguiu um lugar de '''destaque no [[Estado da Bahia]]'''.[3] |
− | O trabalho realizado por Jamile é essencial para a comunidade negra ganhar visibilidade. O [[Soteropreta]] é considerado um instrumento primordial para dar destaque e acesso às pautas negras, já que não existem muitos veículos voltados para esse nicho social, principalmente em [[Salvador]].[4] | + | O trabalho realizado por Jamile é '''essencial para a comunidade negra ganhar visibilidade'''. O [[Soteropreta]] é considerado um '''instrumento primordial para dar destaque e acesso às pautas negras''', já que não existem muitos veículos voltados para esse nicho social, principalmente em [[Salvador]].[4] |
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=== Vida profissional === | === Vida profissional === | ||
− | Formada em jornalismo pela [[Faculdade da Cidade]] em Salvador em 2007, Jamile teve seu primeiro contato com o mundo jornalístico quatro anos antes, por meio de um freela para o [[Jornal Irohin]] – uma organização não-governamental sem fins lucrativos que surgiu através de discussões no pós-[[Marcha Zumbi dos Palmares]] [5]. | + | Formada em '''[[jornalismo]]''' pela '''[[Faculdade da Cidade]]''' em '''[[Salvador]]''' em 2007, Jamile teve seu primeiro contato com o mundo jornalístico quatro anos antes, por meio de um '''[[freela]]''' para o '''[[Jornal Irohin]]''' – uma '''[[organização não-governamental]]''' sem fins lucrativos que surgiu através de discussões no '''pós-[[Marcha Zumbi dos Palmares]]''' [5]. |
− | Foi estagiária na [[Folha Dirigida]], em 2006, onde cresceu profissionalmente e tornou-se coordenadora de uma equipe de três pessoas. Jamile e seu time eram responsáveis por pautas sobre educação na Bahia, principalmente sobre escolas e cursos. | + | Foi estagiária na '''[[Folha Dirigida]]''', em 2006, onde cresceu profissionalmente e tornou-se coordenadora de uma equipe de três pessoas. Jamile e seu time eram responsáveis por pautas sobre educação na Bahia, principalmente sobre escolas e cursos. |
− | A jornalista passou para a área de assessoria de imprensa em 2007, na [[Fundação Pedro Calmon]] – vinculada à [[Secretaria da Cultura do Estado da Bahia]] (entidade responsável pelo sistema de Arquivos e Bibliotecas Públicas do estado da Bahia). | + | A jornalista passou para a área de '''[[assessoria de imprensa]]''' em 2007, na '''[[Fundação Pedro Calmon]]''' – vinculada à '''[[Secretaria da Cultura do Estado da Bahia]]''' (entidade responsável pelo sistema de Arquivos e Bibliotecas Públicas do estado da Bahia). |
− | Após trabalhar dois anos na [[Fundação Pedro Calmon]], foi convidada para ser coordenadora da assessoria de comunicação da [[Defensoria Pública do Estado]], órgão do [[Poder Judiciário]], entre 2009 e 2012. Lá foi seu grande laboratório de crescimento pessoal e profissional, pois se libertou da ideia de que assessoria de imprensa não é jornalismo e aprendeu muito sobre o trabalho e suas vertentes.[6] Um de seus trabalhos de destaque na Fundação foi a ampla divulgação das ações da Defensoria Pública e conceder mais acesso a pessoas carentes por serviços sociais e que precisam da presença de advogados públicos. | + | Após trabalhar dois anos na [[Fundação Pedro Calmon]], foi convidada para ser '''coordenadora da assessoria de comunicação''' da '''[[Defensoria Pública do Estado]]''', órgão do '''[[Poder Judiciário]]''', entre 2009 e 2012. Lá foi '''seu grande laboratório de crescimento pessoal e profissional''', pois se libertou da ideia de que assessoria de imprensa não é jornalismo e aprendeu muito sobre o trabalho e suas vertentes.[6] Um de seus trabalhos de destaque na Fundação foi a ampla divulgação das ações da Defensoria Pública e conceder mais acesso a pessoas carentes por serviços sociais e que precisam da presença de advogados públicos. |
− | Em 2012, decidiu mudar de rumo e se aventurar no mundo político. Jamile foi a assessora de imprensa da deputada estadual [[Fátima Nunes]], do [[Partido dos Trabalhadores]] (PT). Entretanto, não se adaptou a esta nova frente. A jornalista se sente muito mais à vontade no meio cultural e educacional, até se considera amante da área, pois foi sempre algo que a cativou.[7] | + | Em 2012, decidiu mudar de rumo e se aventurar no '''mundo político'''. Jamile foi a '''assessora de imprensa''' da deputada estadual '''[[Fátima Nunes]]''', do '''[[Partido dos Trabalhadores]]''' ('''PT'''). Entretanto, '''não se adaptou a esta nova frente'''. A jornalista se sente muito mais '''à vontade no meio cultural e educacional''', até se considera amante da área, pois foi sempre algo que a cativou.[7] |
− | Após a frustração no mundo político, a jornalista foi convidada para voltar à [[Fundação Pedro Calmon]]. Jamile voltou para fazer a assessoria de imprensa e edição de conteúdo para o site institucional da Fundação, em 2014. Coordenou a produção de conteúdo dos jornalistas e dos estagiários, além de alimentar o site das bibliotecas do Estado. Foi também nesse período que organizou o [[Seminário Nacional da Mulher e da Cultura]] [8]. | + | Após a frustração no mundo político, a jornalista foi '''convidada para voltar à [[Fundação Pedro Calmon]]'''. Jamile voltou para fazer a assessoria de imprensa e edição de conteúdo para o site institucional da Fundação, em 2014. Coordenou a produção de conteúdo dos jornalistas e dos estagiários, além de alimentar o site das bibliotecas do Estado. Foi também nesse período que organizou o '''[[Seminário Nacional da Mulher e da Cultura]]''' [8]. |
− | Jamile foi convidada pela [[UNIME]] para palestrar junto a Professora Carolina Menezes na [[Semana Global de Empreendedorismo]][9], como parte do Novembro Negro da universidade, em 2016. Assim, a palestra “Quero empreender, mas não sei em quê” teve repercussão no blog pessoal da Professora. Em dezembro do mesmo ano, Jamile foi incluída na lista de Mulheres Inspiradoras de 2016 pelo Projeto Feminista [[Think Olga]].[10] Outro destaque de 2016 foi quando Jamile entrou para a lista das 25 mulheres negras de destaque no ano pela plataforma nacional [[Blogueiras Negras]]. | + | Jamile foi convidada pela '''[[UNIME]]''' para palestrar junto a Professora Carolina Menezes na '''[[Semana Global de Empreendedorismo]]'''[9], como parte do '''Novembro Negro da universidade''', em 2016. Assim, a palestra '''“Quero empreender, mas não sei em quê”''' teve repercussão no blog pessoal da Professora. Em dezembro do mesmo ano, Jamile foi incluída na '''lista de Mulheres Inspiradoras de 2016''' pelo '''Projeto Feminista [[Think Olga]]'''.[10] Outro destaque de 2016 foi quando Jamile entrou para a '''lista das 25 mulheres negras de destaque no ano''' pela plataforma nacional '''[[Blogueiras Negras]]'''. |
− | No ano seguinte, a comunicadora foi convidada para mediar o evento “Um dia para você lembrar de se conscientizar em todos os outros”, um bate-papo sobre Iniciativas Negras para o Desenvolvimento de um Cenário Positivo.[11]. Outra palestra marcante ainda no mesmo ano foi na [[Semana de Comunicação]] da [[UNIRB]] que discutiu Entretenimento, Redes Sociais e Diversidades.[12] | + | No ano seguinte, a comunicadora foi convidada para mediar o evento '''“Um dia para você lembrar de se conscientizar em todos os outros”''', um bate-papo sobre '''Iniciativas Negras para o Desenvolvimento de um Cenário Positivo'''.[11]. Outra palestra marcante ainda no mesmo ano foi na '''[[Semana de Comunicação]]''' da '''[[UNIRB]]''' que discutiu '''Entretenimento, Redes Sociais e Diversidades'''.[12] |
− | Em 2017, Jamile saiu novamente da [[Fundação Pedro Calmon]] para assumir a coordenação da assessoria de comunicação da [[Fundação Cultural do Estado a Bahia]] (FUNCEB), que tem como missão implementar políticas públicas e projetos voltados para a formação e produção de artes visuais, audiovisual, circo, dança, literatura, música e teatro. Jamile coordena a equipe de produção textual, cria conteúdo para as redes sociais da [[FUNCEB]] e está lá até o momento. | + | Em 2017, Jamile saiu novamente da [[Fundação Pedro Calmon]] para assumir a '''coordenação da assessoria de comunicação''' da '''[[Fundação Cultural do Estado a Bahia]]''' ('''FUNCEB'''), que tem como missão '''implementar políticas públicas e projetos voltados para a formação e produção de artes visuais, audiovisual, circo, dança, literatura, música e teatro'''. Jamile coordena a equipe de '''produção textual, cria conteúdo para as redes sociais da [[FUNCEB]] e está lá até o momento'''. |
− | Nessa mesma época, Jamile aceitou um freela para fazer a assessoria de comunicação do [[Instituto Cultural Steve Biko]] – o primeiro cursinho de vestibular voltado exclusivamente para estudantes negros e negras oriundos de escolas públicas em Salvador. Ela considera esse um dos trabalhos mais especiais que ela fez, pois sua primeira matéria para o [[Jornal Irohin]] foi sobre o Instituto.[13] | + | Nessa mesma época, Jamile aceitou um '''[[freela]]''' para fazer a '''assessoria de comunicação''' do '''[[Instituto Cultural Steve Biko]]''' – o '''primeiro cursinho de vestibular voltado exclusivamente para estudantes negros e negras oriundos de [[escolas públicas]] em Salvador'''. Ela considera esse um dos trabalhos mais especiais que ela fez, pois sua primeira matéria para o '''[[Jornal Irohin]]''' foi sobre o Instituto.[13] |
− | Jamile passou a atuar no audiovisual quando deu início a websérie “Circuito Negro”, em 2018, produção composta por 10 episódios que abordam agremiações carnavalescas de matriz africana e estão disponíveis no YouTube. No mesmo ano, a jornalista foi uma das palestrantes no evento “O Racismo na Mídia e na Sociedade”, sediado na [[Universidade Católica do Salvador]] (UCSAL) para a Semana de Acolhimento dos Cursos de Comunicação [14]. | + | Jamile passou a '''atuar no [[audiovisual]]''' quando deu início a '''[[websérie]]''' '''“Circuito Negro”''', em 2018, produção composta por '''10 episódios que abordam agremiações carnavalescas de matriz africana e estão disponíveis no [[YouTube]]'''. No mesmo ano, a jornalista foi uma das palestrantes no evento “O Racismo na Mídia e na Sociedade”, sediado na [[Universidade Católica do Salvador]] (UCSAL) para a Semana de Acolhimento dos Cursos de Comunicação [14]. |
Jamile recebeu a [[Moção de Reconhecimento Antonieta de Barro]]s, prêmio da [[Secretaria Estadual de Promoção da Igualdade Racial do Governo do Estado da Bahia]], em 2018, pelo reconhecimento do papel do portal [[Soteropreta]] na afirmação do povo negro no combate ao racismo e a valorização da diversidade. Dois anos depois, Jamile entra lista de 115 mulheres de referência na luta antirracista.[15] | Jamile recebeu a [[Moção de Reconhecimento Antonieta de Barro]]s, prêmio da [[Secretaria Estadual de Promoção da Igualdade Racial do Governo do Estado da Bahia]], em 2018, pelo reconhecimento do papel do portal [[Soteropreta]] na afirmação do povo negro no combate ao racismo e a valorização da diversidade. Dois anos depois, Jamile entra lista de 115 mulheres de referência na luta antirracista.[15] |
Edição das 18h54min de 29 de novembro de 2021
Jamile Menezes de Almeida Santos (Salvador, Bahia, 22 de maio de 1982) é jornalista formada pela Faculdade da Cidade de Salvador (CRA-BA), assessora de imprensa e criadora do portal de comunicação Soteropreta sobre a cultura negra de Salvador e região metropolitana. É pós-graduanda em Influência Digital na Universidade Salvador (UNIFACS).
Jamile conta com passagens pelo Jornal Irohin e na redação da Folha Dirigida, ambos veículos de Salvador, mas ela se identifica mais pelo trabalho em assessorias de imprensa. Assim, já fez parte do time de assessoria da Fundação Pedro Calmon e da Defensoria Pública do Estado, além de já ter se aventurado no mundo da política com a deputada estadual Fátima Nunes, do Partido dos Trabalhadores (PT). Hoje ela é coordenadora da assessoria de comunicação da Fundação Cultural do Estado da Bahia (FUNCEB), vinculada à Secretaria de Cultura baiana (SecultBA).
Filha de Romilda Menezes de Almeida Santos e Natanael Alcântara Santos, ela também é a irmã mais nova de Carolina Menezes. Jamile nasceu e cresceu em Salvador e mesmo sem muitas memórias de sua infância, a jornalista recorda como era uma criança introvertida e tímida. Hoje, reconhece que, através da comunicação, ela se tornou uma pessoa mais aberta.
Biografia
Soteropreta
O ano de 2014 foi bem agitado para vida pessoal e profissional de Jamile, quando decidiu criar a plataforma de comunicação Soteropreta: o primeiro portal exclusivo sobre cultura negra em Salvador e região metropolitana. A jornalista criou o portal por impulso, motivada pelo desejo de construir um veículo de comunicação próprio.[1] Além de seus próprios sentimentos, Jamile também sentia que existia a demanda de um espaço onde a cultura negra pudesse ser mais bem divulgada na capital baiana.
O Soteropreta também surge com uma proposta de quebrar com os conteúdos dos veículos de comunicação tradicionais. Ou seja, a ideia era dar destaque para a cultura negra a todo momento, e não só durante o mês de conscientização. Trazer o tema para além do racismo. Jamile já tentou espaço na mídia convencional através da produção e envio de uma série de matérias sobre o assunto, mas nunca teve retorno.[2]
Aos poucos, o veículo começou a ganhar destaque nas mídias. O Portal Afreaka publicou uma análise sobre a importância do Soteropreta, que chegava à época, trazendo análises sobre conjuntura da comunicação negra e o desafio de se manter firme nesse propósito. Dessa forma, o portal criado por Jamile estava conseguindo com que as pautas sobre negritude chegassem até mais pessoas. A jornalista recebe por volta de 30 a 40 e-mails por dia de sugestões de pauta de diversos lugares do Brasil. Hoje, o veículo tem cinco anos de existência e conseguiu um lugar de destaque no Estado da Bahia.[3]
O trabalho realizado por Jamile é essencial para a comunidade negra ganhar visibilidade. O Soteropreta é considerado um instrumento primordial para dar destaque e acesso às pautas negras, já que não existem muitos veículos voltados para esse nicho social, principalmente em Salvador.[4]
Vida profissional
Formada em jornalismo pela Faculdade da Cidade em Salvador em 2007, Jamile teve seu primeiro contato com o mundo jornalístico quatro anos antes, por meio de um freela para o Jornal Irohin – uma organização não-governamental sem fins lucrativos que surgiu através de discussões no pós-Marcha Zumbi dos Palmares [5].
Foi estagiária na Folha Dirigida, em 2006, onde cresceu profissionalmente e tornou-se coordenadora de uma equipe de três pessoas. Jamile e seu time eram responsáveis por pautas sobre educação na Bahia, principalmente sobre escolas e cursos.
A jornalista passou para a área de assessoria de imprensa em 2007, na Fundação Pedro Calmon – vinculada à Secretaria da Cultura do Estado da Bahia (entidade responsável pelo sistema de Arquivos e Bibliotecas Públicas do estado da Bahia).
Após trabalhar dois anos na Fundação Pedro Calmon, foi convidada para ser coordenadora da assessoria de comunicação da Defensoria Pública do Estado, órgão do Poder Judiciário, entre 2009 e 2012. Lá foi seu grande laboratório de crescimento pessoal e profissional, pois se libertou da ideia de que assessoria de imprensa não é jornalismo e aprendeu muito sobre o trabalho e suas vertentes.[6] Um de seus trabalhos de destaque na Fundação foi a ampla divulgação das ações da Defensoria Pública e conceder mais acesso a pessoas carentes por serviços sociais e que precisam da presença de advogados públicos.
Em 2012, decidiu mudar de rumo e se aventurar no mundo político. Jamile foi a assessora de imprensa da deputada estadual Fátima Nunes, do Partido dos Trabalhadores (PT). Entretanto, não se adaptou a esta nova frente. A jornalista se sente muito mais à vontade no meio cultural e educacional, até se considera amante da área, pois foi sempre algo que a cativou.[7]
Após a frustração no mundo político, a jornalista foi convidada para voltar à Fundação Pedro Calmon. Jamile voltou para fazer a assessoria de imprensa e edição de conteúdo para o site institucional da Fundação, em 2014. Coordenou a produção de conteúdo dos jornalistas e dos estagiários, além de alimentar o site das bibliotecas do Estado. Foi também nesse período que organizou o Seminário Nacional da Mulher e da Cultura [8].
Jamile foi convidada pela UNIME para palestrar junto a Professora Carolina Menezes na Semana Global de Empreendedorismo[9], como parte do Novembro Negro da universidade, em 2016. Assim, a palestra “Quero empreender, mas não sei em quê” teve repercussão no blog pessoal da Professora. Em dezembro do mesmo ano, Jamile foi incluída na lista de Mulheres Inspiradoras de 2016 pelo Projeto Feminista Think Olga.[10] Outro destaque de 2016 foi quando Jamile entrou para a lista das 25 mulheres negras de destaque no ano pela plataforma nacional Blogueiras Negras.
No ano seguinte, a comunicadora foi convidada para mediar o evento “Um dia para você lembrar de se conscientizar em todos os outros”, um bate-papo sobre Iniciativas Negras para o Desenvolvimento de um Cenário Positivo.[11]. Outra palestra marcante ainda no mesmo ano foi na Semana de Comunicação da UNIRB que discutiu Entretenimento, Redes Sociais e Diversidades.[12]
Em 2017, Jamile saiu novamente da Fundação Pedro Calmon para assumir a coordenação da assessoria de comunicação da Fundação Cultural do Estado a Bahia (FUNCEB), que tem como missão implementar políticas públicas e projetos voltados para a formação e produção de artes visuais, audiovisual, circo, dança, literatura, música e teatro. Jamile coordena a equipe de produção textual, cria conteúdo para as redes sociais da FUNCEB e está lá até o momento.
Nessa mesma época, Jamile aceitou um freela para fazer a assessoria de comunicação do Instituto Cultural Steve Biko – o primeiro cursinho de vestibular voltado exclusivamente para estudantes negros e negras oriundos de escolas públicas em Salvador. Ela considera esse um dos trabalhos mais especiais que ela fez, pois sua primeira matéria para o Jornal Irohin foi sobre o Instituto.[13]
Jamile passou a atuar no audiovisual quando deu início a websérie “Circuito Negro”, em 2018, produção composta por 10 episódios que abordam agremiações carnavalescas de matriz africana e estão disponíveis no YouTube. No mesmo ano, a jornalista foi uma das palestrantes no evento “O Racismo na Mídia e na Sociedade”, sediado na Universidade Católica do Salvador (UCSAL) para a Semana de Acolhimento dos Cursos de Comunicação [14].
Jamile recebeu a Moção de Reconhecimento Antonieta de Barros, prêmio da Secretaria Estadual de Promoção da Igualdade Racial do Governo do Estado da Bahia, em 2018, pelo reconhecimento do papel do portal Soteropreta na afirmação do povo negro no combate ao racismo e a valorização da diversidade. Dois anos depois, Jamile entra lista de 115 mulheres de referência na luta antirracista.[15]
Em 2020, decidiu voltar para o ambiente acadêmico e está cursando Pós-graduação em Influência Digital na Universidade Salvador (UNIFACS), com a previsão de conclusão para o final do ano de 2021.
Já em 2021 Jamile deu um depoimento ao Canal Preto para o quadro “Mulher Preta com a Voz: Jornalismo e Comunicação”. No mesmo ano, Soteropreta fechou uma parceria o Portal Alma Preta Jornalismo.[16] Ela ressalta como essa colaboração entre veículos que focam em pautas negras é essencial para a luta antirracista e para a democratização de informações para essa comunidade.[17]
Prêmios
- Projeto Feminista Olga (2016): Jamile Menezes foi listada pelo Projeto Feminista Think Olga dentre as mulheres inspiradoras de 2016.
- Blogueiras Negras (2016): entrou para a lista das 25 mulheres negras de destaque no ano de 2016 pela plataforma nacional Blogueiras Negras.
- Moção de Reconhecimento Antonieta de Barros (2018): prêmio da Secretaria Estadual de Promoção da Igualdade Racial do Governo do Estado da Bahia, que reconheceu o papel do portal Soteropreta na afirmação do povo negro no combate ao racismo e a valorização da diversidade.
- Lista de 115 mulheres de referência na luta antirracista (2020): Jamile Menezes foi incluída na lista como uma das personalidades principais produzida pela jornalista Midiã Noelle e publicado no Correio 24 Horas.
Produções de Destaque
- “#OpiniãoPreta – X, deixe de vitimismo!”, 2016.
- “#NegrasVisíveis – Projeto mapeia profissionais negras de diferentes campos de norte a sul do Brasil”, 2017.
Vida pessoal
Infância
Jamile cresceu e viveu a vida inteira em Salvador, na Bahia. Morou em apenas três casas desde que nasceu. Ao ser questionada sobre sua infância, a comunicadora afirma que não tem memórias deste período. Do pouco que se lembra afirma que era uma criança completamente introvertida, desconfiada, não interagia com ninguém e não queria sair de perto da mãe. Também se recorda de chorar muito e odiar câmera, como continua odiando – apesar de hoje trabalhar com o Instagram pelo Soteropreta.[18]
Filha de Romilda Menezes de Almeida Santos e Natanael Alcântara Santos, ambos do interior do Estado da Bahia. A jornalista tem uma irmã apenas um ano mais velha que ela, Carolina Menezes, que, diferentemente dela, lembra de tudo, até do desenho animado que assistiam de quinta-feira quando eram pequenas. Ela acredita que ser esquecida faz parte de sua personalidade – e do signo, claro.[19]
Jamile não tem filhos e não pretende ter, mas considera sua cachorrinha de 11 anos, Loly, como uma filha. Ela conta que hoje, aos 39 anos, as pessoas a cobram para ter filhos, entretanto, não sente a necessidade e nem julga que a maternidade seja para ela.[20]
Personalidade
Jamile não é próxima da astrologia, mas para se descrever, logo falou que era geminiana. Ela argumenta que é só essa questão do signo que incorpora realmente, porque se considera uma pessoa totalmente bipolar. A comunicadora diz ser muito dual e desconfiada. Tem dificuldade de confiar nas pessoas e se soltar, porém, quando sente segurança, fica mais tranquila. [21]
Uma de suas maiores conquistas pessoais foi superar a introversão para conseguir lançar o próprio portal. O lançamento do Soteropreta foi uma catarse para seu desenvolvimento e crescimento, mas de muito sofrimento. A jornalista considera que ter a iniciativa e colocar isso publicamente foi uma grande conquista individual. Ela afirma que foi um processo muito difícil e que trata até hoje do assunto na terapia, pois considera que é uma característica que vem da infância, daquela menina tímida que só queria a mãe. Hoje, apesar de ter sido uma trajetória dolorosa, fica contente com a recompensa e o reconhecimento de seu trabalho.[22]
Apesar de se descrever muito introspectiva e bipolar, Camilla França e Manuela Damaceno, ambas comunicadoras e amigas próximas de Jamile destacam como a jornalista é uma pessoa que sempre estende a mão para suas amigas em momentos difíceis. Manuela ainda ressalta que a criadora do Soteropreta é uma fonte para a construção coletiva, sempre ajudando suas colegas a solucionar questões pertinentes e encontrando saídas para impasses, seja no âmbito pessoal quanto profissional. Jamile é uma referência no trabalho para a comunidade negra. [23,24]
Jamile se define como bissexual, mas diz não gostar de rótulos, pois considera que sexualidade é algo fluído. [25] É espírita kardecista. [26]
Referências
- Entrevista concedida para Beatriz Girão e Laura Ré. Realizada em 18/10/2021
- Entrevista concedida para Beatriz Girão e Laura Ré. Realizada em 18/10/2021
- Entrevista concedida para Beatriz Girão e Laura Ré. Realizada em 18/10/2021
- Nas lentes da exclusão as mídias negras e a representação. Correio Nagô. Consultado em 20 novembro de 2021.
- 1990-2000: Palmares revive em Brasília. Google Arts & Culture. Consultado em 22 de novembro de 2021.
- Entrevista concedida para Beatriz Girão e Laura Ré. Realizada em 18/10/2021
- Entrevista concedida para Beatriz Girão e Laura Ré. Realizada em 18/10/2021
- Seminário Nacional Mulher e Cultura recebeu inscrições de mulheres de todos os estados brasileiros. 30 de setembro de 2014. Secretaria de Cultura do Estado da Bahia. Consultado em 22 de novembro de 2021.
- Unime promove Maratona de Empreendedorismo nesta quinta. 14 de novembro de 2016. Bahia de Valor. Consultado em 22 de novembro de 2021.
- Mulheres Inspiradoras de 2016. 3 de dezembro de 2016. Portal Geledés. Consultado em 22 de novembro de 2021.
- Semana da Consciência Negra tem sarau de poesia e bate papo em Shopping de Salvador. iBahia. 20 de novembro de 2017. Consultado em 20 de novembro de 2021.
- Semana de Comunicação da UNIRB discutiu Entretenimento, Redes Sociais e Diversidades. 28 de outubro de 2017. Consultado em 20 de novembro de 2021.
- Entrevista concedida para Beatriz Girão e Laura Ré. Realizada em 18/10/2021
- Semana de Acolhimento dos Cursos de Comunicação. 19 de fevereiro de 2018. Noosfero. Consultado em 22 de novembro de 2021.
- Conheça 115 mulheres de referência na luta antirracista. Correio 24 horas. 25 de julho de 2020. Consultado em 20 de novembro de 2021.
- Com respeito ao território, Alma Preta amplia sua cobertura e chega à Bahia. Alma Preta. 30 de julho de 2021. Consultado em 20 de novembro de 2021.
- Entrevista concedida para Beatriz Girão e Laura Ré. Realizada em 18/10/2021
- Entrevista concedida para Beatriz Girão e Laura Ré. Realizada em 18/10/2021
- Entrevista concedida para Beatriz Girão e Laura Ré. Realizada em 18/10/2021
- Entrevista concedida para Beatriz Girão e Laura Ré. Realizada em 18/10/2021
- Entrevista concedida para Beatriz Girão e Laura Ré. Realizada em 18/10/2021
- Entrevista concedida para Beatriz Girão e Laura Ré. Realizada em 26/10/2021
- Entrevista concedida para Beatriz Girão e Laura Ré. Realizada em 26/10/2021
- Entrevista concedida para Beatriz Girão e Laura Ré. Realizada em 26/10/2021
- Entrevista concedida para Beatriz Girão e Laura Ré. Realizada em 18/10/2021
- Entrevista concedida para Beatriz Girão e Laura Ré. Realizada em 28/10/2021
Jamile Menezes
Nome completo
Jamile Menezes de Almeida Santos
Nascimento
22 de maio de 1982 (39 anos), Salvador, Bahia
Nacionalidade
Brasileira
Ocupação
Jornalista, assessora de imprensa, comunicadora
Atividade
2007-presente
Prêmios
• Projeto Feminista Olga • Blogueiras Negras • Moção de Reconhecimento Antonieta de Barros • Lista de 115 mulheres de referência na luta antirracista