Mudanças entre as edições de "Márcia Pantera"

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1. Vida pessoal
 
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1.1 Juventude
 
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Carlos Márcio José da Silva é um dos quatro filhos de Maria Aparecida Ferreira da Silva, que os criou junto da avó Benedita José da Silva[²]. Nasceu e cresceu na periferia da cidade de São Paulo, no bairro pobre da Brasilândia, e quando conta sua história gosta de reforçar a origem humilde, como forma de incentivar outros jovens negros, LGBTQIAP+ e periféricos a seguirem seus sonhos.
 
Carlos Márcio José da Silva é um dos quatro filhos de Maria Aparecida Ferreira da Silva, que os criou junto da avó Benedita José da Silva[²]. Nasceu e cresceu na periferia da cidade de São Paulo, no bairro pobre da Brasilândia, e quando conta sua história gosta de reforçar a origem humilde, como forma de incentivar outros jovens negros, LGBTQIAP+ e periféricos a seguirem seus sonhos.
  
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Em 2001 conheceu Kennedy Gomes, seu grande amor, com quem é casado até o presente.
 
Em 2001 conheceu Kennedy Gomes, seu grande amor, com quem é casado até o presente.
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1.2 O jogador de Vôlei
 
1.2 O jogador de Vôlei
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Foi no colégio que começou sua história com o vôlei, sua grande paixão até hoje [4]. Chegou a experimentar futebol e basquete, mas não gostou dos empurrões e brigas, além da ausência de maior coletividade, que só conseguiu encontrar no vôlei. Houve uma época em que se viciou pelo esporte e até pensou em largar os estudos.
 
Foi no colégio que começou sua história com o vôlei, sua grande paixão até hoje [4]. Chegou a experimentar futebol e basquete, mas não gostou dos empurrões e brigas, além da ausência de maior coletividade, que só conseguiu encontrar no vôlei. Houve uma época em que se viciou pelo esporte e até pensou em largar os estudos.
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1.3 O primeiro contato com o transformismo  
 
1.3 O primeiro contato com o transformismo  
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Desde pequeno o sonho de Márcio era ser modelo. Com nove ou dez anos, assistia a um programa de desfiles na TV de sua casa e se encantou pelo “glamour” do mundo da moda. Colocava uma toalha na cabeça, pegava um salto de sua mãe e imitava os movimentos das modelos.
 
Desde pequeno o sonho de Márcio era ser modelo. Com nove ou dez anos, assistia a um programa de desfiles na TV de sua casa e se encantou pelo “glamour” do mundo da moda. Colocava uma toalha na cabeça, pegava um salto de sua mãe e imitava os movimentos das modelos.
  
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1.4 Vício em drogas
 
1.4 Vício em drogas
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Durante uma brincadeira na casa de amigos, teve seu primeiro contato com as drogas, mais especificamente o crack, que serviram durante muito tempo como válvula de escape.  
 
Durante uma brincadeira na casa de amigos, teve seu primeiro contato com as drogas, mais especificamente o crack, que serviram durante muito tempo como válvula de escape.  
  
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2.1 Parceria com Alexandre Herchcovitch
 
2.1 Parceria com Alexandre Herchcovitch
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A vida de Márcia cruzou com a do estilista Alexandre Herchcovitch muito antes da fama os alcançar. No início dos anos 90, esses dois paulistanos se conheceram na fila de entrada da boate Nostro Mondo. Na época, Herchcovitch era estudante de moda e se animou a desenhar roupas para a drag. Em entrevistas, a performer conta que muitos se ofereciam para criar figurinos, porém nenhum deles passou do convite como foi com Herchcovitch [10]. Márcia relata que no dia seguinte à proposta, o estilista iniciou essa colaboração que já dura décadas.
 
A vida de Márcia cruzou com a do estilista Alexandre Herchcovitch muito antes da fama os alcançar. No início dos anos 90, esses dois paulistanos se conheceram na fila de entrada da boate Nostro Mondo. Na época, Herchcovitch era estudante de moda e se animou a desenhar roupas para a drag. Em entrevistas, a performer conta que muitos se ofereciam para criar figurinos, porém nenhum deles passou do convite como foi com Herchcovitch [10]. Márcia relata que no dia seguinte à proposta, o estilista iniciou essa colaboração que já dura décadas.
  
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Durante certo tempo, as pessoas acreditavam haver uma relação para além da amizade entre os artistas, mas Márcia assegura que são praticamente irmãos. Apesar da carreira de Herchcovitch ter decolado, o laço entre ele e sua musa continuam. Quando a transformista pede alguma peça, ele a produz de bom grado e sem custos, como todos outros figurinos que já fez para ela.  
 
Durante certo tempo, as pessoas acreditavam haver uma relação para além da amizade entre os artistas, mas Márcia assegura que são praticamente irmãos. Apesar da carreira de Herchcovitch ter decolado, o laço entre ele e sua musa continuam. Quando a transformista pede alguma peça, ele a produz de bom grado e sem custos, como todos outros figurinos que já fez para ela.  
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2.2 O “Bate Cabelo”
 
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Márcia Pantera é a precursora da arte do “bate cabelo” - um movimento já popularizado nas performances de drag queens Brasil afora, no qual balançam suas perucas no ritmo da música.  
 
Márcia Pantera é a precursora da arte do “bate cabelo” - um movimento já popularizado nas performances de drag queens Brasil afora, no qual balançam suas perucas no ritmo da música.  
  
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2.3 Modelagem
 
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Os trabalhos com Herchcovitch lhe inseriram no mundo da moda, mas além de ser manequim do amigo, Márcia também desfilou os sapatos de Fernando Pires [13]. A trajetória da drag queen como modelo, ainda conta com a presença em algumas das principais revistas de moda, nacionais e internacionais, como Elle, Vogue e Harper’s Bazar [14].  
 
Os trabalhos com Herchcovitch lhe inseriram no mundo da moda, mas além de ser manequim do amigo, Márcia também desfilou os sapatos de Fernando Pires [13]. A trajetória da drag queen como modelo, ainda conta com a presença em algumas das principais revistas de moda, nacionais e internacionais, como Elle, Vogue e Harper’s Bazar [14].  
  
  
 
2.4 Parada do Orgulho LGBT de São Paulo
 
2.4 Parada do Orgulho LGBT de São Paulo
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Assim como tantas figuras emblemáticas da noite LGBTQIAP+ paulistana, Márcia Pantera esteve presente na Parada do Orgulho LGBTQ desde sua primeira edição [15]. Em depoimento ela contou ter subido em um monumento no início da Paulista e ter animado as 100 pessoas ao seu redor. Desde então ela é figura recorrente em todas edições. Para Márcia, o evento é um momento de festa e reafirmação de seus direitos, mas não gosta de pensar como um ato muito politizado.
 
Assim como tantas figuras emblemáticas da noite LGBTQIAP+ paulistana, Márcia Pantera esteve presente na Parada do Orgulho LGBTQ desde sua primeira edição [15]. Em depoimento ela contou ter subido em um monumento no início da Paulista e ter animado as 100 pessoas ao seu redor. Desde então ela é figura recorrente em todas edições. Para Márcia, o evento é um momento de festa e reafirmação de seus direitos, mas não gosta de pensar como um ato muito politizado.
  
 
2.5 Cinema
 
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Márcia entrou no universo da atuação com a ajuda de Marcelo Caetano [16], que a direcionou e ensinou a arte da atuação. Com essa parceria, a transformista conseguiu protagonizar seu primeiro filme, Verona (2013), e mais a frente voltou a colaborar com Caetano em Corpo Elétrico (2017). Como atriz, Márcio participou de quatro filmes e alguns curtas.
 
Márcia entrou no universo da atuação com a ajuda de Marcelo Caetano [16], que a direcionou e ensinou a arte da atuação. Com essa parceria, a transformista conseguiu protagonizar seu primeiro filme, Verona (2013), e mais a frente voltou a colaborar com Caetano em Corpo Elétrico (2017). Como atriz, Márcio participou de quatro filmes e alguns curtas.
  
 
3. Filmografia:
 
3. Filmografia:
 
3.1 Filmes
 
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● Verona (2013)
 
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● Inferno (2013)
 
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● Corpo Elétrico* (2017)
 
● Corpo Elétrico* (2017)
  
  3.2 Documentários
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● Tupiniqueens (2015)
 
● Tupiniqueens (2015)
 
● Drag Queen- O outro eu** (2015)
 
● Drag Queen- O outro eu** (2015)

Edição das 13h27min de 6 de dezembro de 2021


Carlos Márcio José da Silva (São Paulo, 14 de dezembro de 1969) [¹], conhecido artisticamente como Márcia Pantera, é uma drag queen, modelo e atriz brasileira.

Antes de ser drag queen, Márcio chegou a iniciar uma carreira profissional no vôlei, jogando por 4 anos no time titular do Suzano Vôlei. Ainda no período como jogador, Márcio teve seu primeiro contato com o transformismo, através de um show da boate Nostro Mondo, em que desenvolveu grande fascínio pela arte. Posteriormente começou a se montar e performar em boates LGBTQIAP+ paulistanas.

Como Márcia Pantera, Márcio criou o “bate cabelo” - movimento muito utilizado em performances de drag queens nacionais e internacionais. Teve uma parceria de longa duração com o estilista Alexandre Herchcovitch - que considera Márcia sua “musa inspiradora”. Também construiu uma carreira de ator, tendo estrelado filmes como Verona (2013) e Corpo Elétrico (2017), ambos em colaboração com o diretor Marcelo Caetano. Em 2020, foi homenageado pelo Festival Mix Brasil com o Prêmio Ícone Mix Brasil pelos seus trabalhos nas boates paulistanas.

1. Vida pessoal

1.1 Juventude

Carlos Márcio José da Silva é um dos quatro filhos de Maria Aparecida Ferreira da Silva, que os criou junto da avó Benedita José da Silva[²]. Nasceu e cresceu na periferia da cidade de São Paulo, no bairro pobre da Brasilândia, e quando conta sua história gosta de reforçar a origem humilde, como forma de incentivar outros jovens negros, LGBTQIAP+ e periféricos a seguirem seus sonhos.

Aos 12 anos se descobriu gay, mas somente aos 17 deu o primeiro beijo em outro homem. Em entrevistas já contou que recebe muito amor e apoio dos familiares - mesmo que inicialmente tenha encontrado certa resistência com primos –, por isso considera a família um dos principais pilares de sua vida [3]. No começo da carreira como drag, sua mãe e avó o ajudavam com os figurinos, já hoje suas tias e primos acompanham suas performances sempre que possível.

Em 2001 conheceu Kennedy Gomes, seu grande amor, com quem é casado até o presente.

1.2 O jogador de Vôlei


Foi no colégio que começou sua história com o vôlei, sua grande paixão até hoje [4]. Chegou a experimentar futebol e basquete, mas não gostou dos empurrões e brigas, além da ausência de maior coletividade, que só conseguiu encontrar no vôlei. Houve uma época em que se viciou pelo esporte e até pensou em largar os estudos.

Márcio conta que era ponta muito explosivo, ou em suas palavras “um ponta babado”. Aos 15 anos montou uma equipe gay com colegas de bairro, chamada “Pinheirinho”. A organização chegou despertar a fúria de muitos homens héteros, que os ameaçavam e tentavam incitar brigas. Usava a discriminação sofrida como combustível para suas performances no jogo e seu maior prazer era provocar os homofóbicos.

Jogou por muito tempo nas quadras da Brasilândia e Freguesia do Ó, região onde cresceu. Nesse período começou a se destacar, recebendo uma oportunidade para jogar no time de Suzano. Chegou a ser aprovado em testes para clubes como Palmeiras e Paulistano, porém ao descobrirem ser gay, era dispensado e hostilizado. Durante seu período como jogador teve alguns relacionamentos com companheiros de time, em entrevistas conta que se encontravam escondidos no meio da noite e depois voltavam aos respectivos dormitórios.

Márcio queria se tornar jogador profissional de vôlei e é apaixonado pelo esporte, tanto que até hoje continua jogando para manter a forma física.

1.3 O primeiro contato com o transformismo

Desde pequeno o sonho de Márcio era ser modelo. Com nove ou dez anos, assistia a um programa de desfiles na TV de sua casa e se encantou pelo “glamour” do mundo da moda. Colocava uma toalha na cabeça, pegava um salto de sua mãe e imitava os movimentos das modelos.

O contato com o transformismo só ocorreu durante a adolescência, na boate Nostro Mondo. Márcio era apenas um frequentador da balada quando, aos 17 anos, assistiu ao show de Marcinha do Corintho, ficou impactado e cogitou fazer o mesmo que a performer. Foi também nessa noite que deu seu primeiro beijo.

Alguns anos mais tarde, se montou pela primeira vez para participar de um concurso nesta mesma boate [5]. Não tinha trajes, peruca e nem sabia se maquiar, mas conseguiu improvisar. Pegou meias e um vestido - que acabou customizando – de sua mãe e usou seus patins sem as rodas, pois não tinha nenhum salto que o servisse. Já na boate, recebeu auxílio da transformista Cheyenne Crec Crec, que o maquiou e lhe emprestou a peruca. No momento do concurso, Márcio ainda não sabia como dublar, então sambou ao som de ``Disputa de Poder [6], de Simone, durante sua apresentação. A performance fez o maior sucesso, lhe garantindo a vitória e como prêmio foi convidado a integrar a equipe de show da boate.

1.4 Vício em drogas

Durante uma brincadeira na casa de amigos, teve seu primeiro contato com as drogas, mais especificamente o crack, que serviram durante muito tempo como válvula de escape.

Com o passar do tempo, começou a fazer uso mais intensivo delas, parando até mesmo de trabalhar, comendo de lixeiras, vivendo na rua e vendendo itens pessoais para sustentar o vício que durou mais de 10 anos. Durante esse período perdeu sua avó, sua mãe e o irmão Carlos Eduardo, este também para as drogas [7]. Por estar tão entorpecido, não conseguiu viver o luto de seus parentes.

Contudo, após a morte de sua mãe decidiu mudar de vida. Márcio se apoiou na Márcia e em Deus, como conta em entrevistas, para sair dessa situação. Apesar da dependência, largou as drogas e superou esse período difícil em sua vida. Atualmente está limpo desde 2009 e não tem problema em falar dessa fase, pois acha que pode ajudar outras pessoas a saírem desse vício.

2. Carreira Artística

Seu nome de drag não surgiu logo de cara. Durante os primeiros dois anos de carreira, usava apenas "Marcia - numa adaptação para o feminino de seu nome de batismo -, mas ainda era preciso um complemento para algo menos genérico. O “Pantera” apareceu quando trabalhava na boate Columbia, onde era hostess. Já buscava por um sobrenome quando, num dia de desfile, encontrou o modelo brasileiro Marcos Pantera no camarim - por quem nutria certa admiração. Os dois tiveram uma conversa amigável e ao fim Márcio teve a ideia de se apropriar do “Pantera”, recebendo o apoio de Marcos.

As maiores inspirações para a Márcia Pantera são as mulheres, em especial Naomi Campbell; mas também se guia pelos trabalhos de suas parceiras de noite como Marcinha do Corintho, Condessa Mônica e muitas outas [8].

Aos poucos foi conquistando o espaço nos palcos e nos corações do público, de quem sempre recebeu carinho e aplausos. A carreira como transformista se tornou sua profissão principal entre 1980-1990, pois foi quando notou ser uma atividade rentável e aprendeu a colocar preço em suas performances [9].

2.1 Parceria com Alexandre Herchcovitch

A vida de Márcia cruzou com a do estilista Alexandre Herchcovitch muito antes da fama os alcançar. No início dos anos 90, esses dois paulistanos se conheceram na fila de entrada da boate Nostro Mondo. Na época, Herchcovitch era estudante de moda e se animou a desenhar roupas para a drag. Em entrevistas, a performer conta que muitos se ofereciam para criar figurinos, porém nenhum deles passou do convite como foi com Herchcovitch [10]. Márcia relata que no dia seguinte à proposta, o estilista iniciou essa colaboração que já dura décadas.

Intitulada como “musa inspiradora” de Herchcovitch, Márcia modelou em diversos desfiles do estilista, até como destaque do evento. Foi em consequência dessa parceria que, em 1993, a drag participou do Phytoervas Fashion - primeiro evento de moda no Brasil - e mais tarde, em 2010, desfilou na São Paulo Fashion Week [11]. Em paralelo aos desfiles, Herchcovitch desenhou mais de 500 figurinos para Márcia Pantera. A performer estipula ter por volta de 15 peças, o restante vendeu ou foi roubada, pois as roupas produzidas pelo estilista viraram desejo de consumo entre muitas drag queens.

Durante certo tempo, as pessoas acreditavam haver uma relação para além da amizade entre os artistas, mas Márcia assegura que são praticamente irmãos. Apesar da carreira de Herchcovitch ter decolado, o laço entre ele e sua musa continuam. Quando a transformista pede alguma peça, ele a produz de bom grado e sem custos, como todos outros figurinos que já fez para ela.

2.2 O “Bate Cabelo”

Márcia Pantera é a precursora da arte do “bate cabelo” - um movimento já popularizado nas performances de drag queens Brasil afora, no qual balançam suas perucas no ritmo da música.

Inicialmente as performances de Márcia eram mais voltadas à dublagem de divas como Diana Ross, Whitney Houston, Shirley Bass, Donna Summer entre outras. Assim como a de tantas transformistas. No entanto, com o surgimento e popularização do Blackbox e outros grupos de house, começou a transição do seu estilo de show para algo mais autoral.

Sua grande contribuição para o cenário drag surgiu por volta de 1992 [12]. Após uma performance ao som de Michael Jackson, o amigo Alexandre Herchcovitch comentou que, da plateia, o movimento feito por Márcia - que em um desequilíbrio jogou o cabelo com muita força para trás, numa espécie de chicote - deu um efeito bacana. A artista, porém, não se lembrava exatamente do que havia feito, pois suas apresentações não possuem uma coreografia. A partir disso, a drag e o estilista passaram a fazer algumas melhorias e adaptações, até chegarem no que hoje se conhece como “bate cabelo”.

Os shows de Márcia Pantera passaram a fazer um tremendo sucesso e logo ela ficou conhecida na noite paulistana. Foi graças a essa repercussão que a drag se tornou uma figura recorrente na televisão, principalmente no quadro “Eles e Elas” do programa da Rede Bandeirantes “Clube do Bolinha”. A fama também proporcionou que Márcia ganhasse os palcos internacionais e até abrisse um dos shows da drag queen RuPaul no Brasil. Nos últimos quatro anos, a transformista passou a fazer temporadas de seis meses de seus shows na Alemanha, em especial na casa Pulverfass Cabaret – famosa boate de Hamburgo.

Márcia atribui a repercussão de seu trabalho, não apenas ao seu movimento inovador, como sua postura no palco, um visual polido e uma dublagem cheia de emoção.

2.3 Modelagem

Os trabalhos com Herchcovitch lhe inseriram no mundo da moda, mas além de ser manequim do amigo, Márcia também desfilou os sapatos de Fernando Pires [13]. A trajetória da drag queen como modelo, ainda conta com a presença em algumas das principais revistas de moda, nacionais e internacionais, como Elle, Vogue e Harper’s Bazar [14].


2.4 Parada do Orgulho LGBT de São Paulo

Assim como tantas figuras emblemáticas da noite LGBTQIAP+ paulistana, Márcia Pantera esteve presente na Parada do Orgulho LGBTQ desde sua primeira edição [15]. Em depoimento ela contou ter subido em um monumento no início da Paulista e ter animado as 100 pessoas ao seu redor. Desde então ela é figura recorrente em todas edições. Para Márcia, o evento é um momento de festa e reafirmação de seus direitos, mas não gosta de pensar como um ato muito politizado.

2.5 Cinema

Márcia entrou no universo da atuação com a ajuda de Marcelo Caetano [16], que a direcionou e ensinou a arte da atuação. Com essa parceria, a transformista conseguiu protagonizar seu primeiro filme, Verona (2013), e mais a frente voltou a colaborar com Caetano em Corpo Elétrico (2017). Como atriz, Márcio participou de quatro filmes e alguns curtas.

3. Filmografia: 3.1 Filmes

● Verona (2013) ● Inferno (2013) ● Diva (2016) ● Corpo Elétrico* (2017)

3.2 Documentários

● Tupiniqueens (2015) ● Drag Queen- O outro eu** (2015)

  • Interpretando ela mesma.
    • Trabalho de Conclusão de Curso de Jornalismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie de Bruna Dellalibera [17].

4. Referências

[1] VICE. Bate ponta, bate cabelo: a curta e explosiva trajetória da drag queen Márcia Pantera no vôlei profissional. Disponível em: <https://www.vice.com/pt/article/ezg9qa/marcia-pantera> Consultado 20 novembro de 2021.

[2] Entrevista concedida ao projeto WikiAfro em 20 de outubro de 2021. <https://wikiafro.espm.edu.br/2021/12/05/marcia-pantera/>

[3] COLORS DJ MAGAZINE. ENTREVISTA | Márcia Pantera, uma lenda viva! Disponível em: <https://colorsdj.com/marciapantera/> Consultado 20 novembro de 2021.

[4] VOGUE. Marcia Pantera trocou cedo as quadras de vôlei pelos palcos das boates: “amo a transformação de Marcio para Marcia!” Disponível em: <https://vogue.globo.com/lifestyle/cultura/noticia/2020/11/marcia-pantera-trocou-cedo-quadras-de-volei-pelos-palcos-das-boates-amo-transformacao-de-marcio-para-marcia.html> Consultado 20 novembro de 2021.

[5] QUEM. Márcia Pantera sobre 33 anos de carreira: “Negro, periférico, gay. Minha história poderia ser outra, mas não desisti.” Disponível em: <https://revistaquem.globo.com/Entrevista/noticia/2021/07/marcia-pantera-sobre-33-anos-de-carreira-negro-periferico-gay-minha-historia-poderia-ser-outra-mas-nao-desisti.html> Consultado 20 novembro de 2021.

[6] THE LIBRARY IS OPEN» #20 Untucked: Vossa Majestade, Márcia Pantera. The Library is Open. Disponível em: <https://thelibraryisopen.com.br/podcast/entrevistas/20-untucked-vossa-majestade-marcia-pantera/> Consultado 20 novembro de 2021.

[7] GAY BLOG BR. Ícone do bate-cabelo, Márcia Pantera fala do auge na era pré-internet: “Hoje é um jogo de disputa por seguidores.” Disponível em: <https://gay.blog.br/entrevistas/icone-do-bate-cabelo-marcia-pantera-fala-do-auge-na-era-pre-internet-hoje-e-um-jogo-de-disputa-por-seguidores/> Consultado 20 novembro de 2021.

[8] SANTÍSSIMA TRINDADE DAS PERUCAS. 57: MARCIA PANTERA - Precursora do Bate Cabelo. Spotify. Disponível em: <https://open.spotify.com/episode/4op7d14VuJG8z0l1l8chgw?uid=6db02ee58715cca8ef8b&uri=spotify%3Aepisode%3A4op7d14VuJG8z0l1l8chgw> Consultado 20 novembro de 2021.

[9] A CAPA. Com 22 anos de carreira, Márcia Pantera faz fortes revelações sobre a vida e trabalho de drag queen | A Capa. A Capa. Disponível em: <https://acapa.disponivel.com/com-22-anos-de-carreira-marcia-pantera-faz-fortes-revelacoes-sobre-a-vida-e-trabalho-de-drag-queen/> Consultado 20 novembro de 2021.

[10] BISCOITO PODCAST. #72 Muito além do Bate Cabelo (com Márcia Pantera). Spotify. Disponível em: <https://open.spotify.com/episode/73jQ0ftaMFAHpINmbMXZth> Consultado 20 novembro de 2021.

[11] SOUNDCLOUD. Entrevista Márcia Pantera. Disponível em: <https://soundcloud.com/natalialaralocucao/entrevista-marcia-pantera> Consultado 20 novembro de 2021.

[12] RED BULL. Eu sou... Márcia Pantera. Disponível em: <https://www.redbull.com/br-pt/eu-sou-marcia-pantera-projeto-aqueenda> Consultado 20 novembro de 2021.

[13] SILVETTY MONTILLA. Espuma com Montilla - Marcia Pantera. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=G-RXbAWLlew> Consultado 20 novembro de 2021.

[14] MARSHA, Coletividade. PERFORMANCE MÁRCIA PANTERA - MARSHA! ENTRA NO CCSP (21/05 ÀS 19H00). Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=NE4yXhMah6Q> Consultado 20 novembro de 2021.

[15] ESTÚDIO, Dia. Marcia Pantera: Drag queens que abriram caminhos | #ParadaSpaoVivo 2021. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=ViwPwFCSWLc> Consultado 20 novembro de 2021.

[16] PANTERA, Marcia, Vamos perder pessoas que amamos, diz Marcia Pantera, VEJA SÃO PAULO, disponível em: <https://vejasp.abril.com.br/blog/musica/vamos-perder-pessoas-que-amamos-temos-de-ser-carinhososdiz-marcia-pantera/> Consultado 20 novembro de 2021.

[17] FILMOW. Márcia Pantera. Disponível em: <https://filmow.com/marcia-pantera-a355220/> Consultado 20 novembro de 2021.