Cocão Avoz

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Cocão Avoz
Cocão Avoz Entrevista Capão Redondo 2021.jpg

Cocão Avoz durante entrevista no Capão Redondo em 2021
Nome completo Ed Mauro Teixeira de Almeida
Nascimento 28 de março de 1979 (43 anos)
São Paulo, Brasil, Brasil
Nacionalidade Brasileiro
Ocupação cantor
|período_musical       = 1999–presente
|gênero_musical        = Rap|Hip hop|}}
|instrumentos          = vocal
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Ed Mauro Teixeira de Almeida, mais conhecido como Cocão Avoz, é um rapper e compositor brasileiro. É também um dos responsáveis pelo coletivo Sarau da Cooperifa, do qual participa diretamente há 15 anos. Em 2015, Cocão deu início a sua carreira solo, lançando as músicas: Diaristas, No Último Vagão e Caminhada.

Cocão foi membro do grupo de rap Versão Popular de 1999 até 2015. Na sequência, deu início a sua carreira solo, lançando as músicas: Diaristas, No Último Vagão e Caminhada. Já se apresentou com nomes como Mano Brown, Edi Rock, GOG, Emicida, Thaíde e Criolo.

Em 2018, criou a “Avoz”, sua marca de roupas e acessórios. É autor do livro “Pra Não Dizer Que Não Falei das Ruas”, lançado em outubro de 2019.

Infância e Juventude

Nasceu no dia 28 de maio de 1979, no bairro Jardim Miriam, na Zona Sul de São Paulo. Filho do pedreiro Pedro Duque de Almeida e da diarista Enaide Teixeira de Almeida. De uma família composta por quatro irmãos:  Angela, Carol, Regiane e Ricardo. [1]

Em sua infância, gostava de andar de skate e passear no carro Fusca 1969 do seu pai. Trocava os passes de transporte por fita cassete ou cachorro-quente. [1]

Estudou da primeira até a oitava série na Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Habib Carlos Kyrrilos e no primeiro ano, mudou-se para EMEF Raul Vicente, terminando os estudos na Escola Estadual Reverendo Jacques Orlando Caminha D'Avila. [1]

Durante a juventude, chegou a perder vários amigos para a violência, a qual vivenciou de perto desde pequeno. Mudou-se para a Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo (COHAB-SP) do Jardim São Luís aos 19 anos. [1]

Vida antes do rap  

O seu primeiro emprego foi em um escritório de contabilidade aos treze anos de idade. Depois em um escritório de advocacia. Em seguida em uma loja de tapetes, consórcio de carros, office boy e, por último, na Secretaria de Cultura da Prefeitura de Taboão da Serra, município da  região metropolitana, onde ficou por quatro anos. [1]

Em seu tempo livre, Cocão sempre dava um jeito para escrever algumas rimas no seu bloco de notas. [1]

Carreira

Primeiros trabalhos

Cria do Jardim Miriam, na Zona Sul de São Paulo, Ed Mauro Teixeira cresceu inspirado na vida da comunidade. Desde cedo presenciou a desigualdade e a violência, que o fez entender sobre a luta diária do trabalho. Por volta dos quinze anos de idade, se viu representado pela primeira vez nas músicas do Racionais MC’s e descobriu ali uma paixão: o rap. Na mistura do ritmo e da poesia surgiu em 1999, Cocão. [1]

O início na música coincidiu com a mudança, no mesmo ano, para o Jardim São Luís, na Zona Sul de São Paulo. O apelido Cocão remete a uma cabeça maior que o comum, isso porque ele gravava com facilidade muitas letras. Na sequência, iniciou o seu primeiro grupo chamado ‘Versão Popular’ em conjunto com Preto Will, Kelly, Leandro e DJ Zeca. O nome inicial do grupo era "Sentença Criminal”, mas os membros decidiram mudar porque não se sentiam mais representados, já que nunca haviam se envolvido no crime. [1]

Em um de seus shows com o grupo, foi surpreendido por balas de borracha e gás lacrimogêneo com a invasão truculenta da polícia militar no lugar onde se apresentavam. Foi nesse momento que se deu conta de que o rap era a sua missão. [1]

Em 2008, foi convidado pelo rapper Mano Brown para participar da Mix Tape “Batalha das Quadras”, com a música “O Que Tiver Que Ser, Será”, com produção de Mano Brown e William Magalhães, integrante da Banda Black Rio. [2]

Com 12 faixas, Versão Popular lança o primeiro disco “Quem Viu, Viu” em 2010, com participação especial de Sérgio Vaz, Wesley Nóog, Cleitom, Erick 12 e B Valente. [2]

No ano seguinte, em 2011, a convite do diretor Leandro HBL, da produtora Mosquito Project, Cocão relatou um pouco de sua história no documentário “Reis da Rua” exibido pela TV Cultura e, atualmente, disponível em seu canal no Youtube. [2]    

Em parceria com o grupo de rap “Cientistas MCs”, no início de 2012, eles criaram o projeto “Encontro Rap”, gerando oportunidade a novos artistas e disseminando a história do movimento Hip Hop. Participaram do projeto cerca de 200 grupos musicais. [2]

Na Copa do Mundo no Brasil, Cocão subiu ao palco do evento Fifa Fan Fest no Vale do Anhangabaú, no Centro de São Paulo, em um show para mais de 3 mil pessoas.Em 2015, o Versão Popular participou da gravação do DVD “É a Vez É a Voz”, em comemoração aos 15 anos do grupo. A gravação conta com a participação de nomes como Sérgio Vaz, escritor e poeta da Cooperifa, Jairo Periafricania e DJ Dagoma. [2] 

Carreira solo  

Começou a carreira solo em 2015, o que permitiu agregar nos seus shows uma mistura de rap com poesias. Sem esquecer das raízes, Cocão aderiu o composto “Avoz” ao nome artístico, que faz menção a música ‘’A vez e a voz’’ do grupo ‘Versão Popular‘. [1]

A primeira composição nessa nova fase foi “Diaristas”. A inspiração para compor a letra surgiu dentro de um ônibus. Ao entrar na condução, ele observou que só haviam mulheres. Começou a ouvir as conversas sobre as dificuldades do dia a dia, fofocas sobre os vizinhos, curiosidades sobre as novelas, brigas com a patroa... Quando se deu conta de que havia um cheiro intenso de cândida no espaço. Rascunhou rapidamente a primeira estrofe no bloco de notas do celular. A música retrata a vida de várias mulheres diaristas. [1]

Trecho da música Diarista

E ela mora em um barraco

de madeira, arquitetura.

trabalha em um triplex

tem um chefe nas alturas.

Desconhece sua cultura

habita pouco na leitura.

vê nos livros e jornais

o que dizem as fuguras  

Passa roupa pra fora

passou fome até umas horas.

histórias parecidas

Aparecida e Aurora.

Horas, horas por dia

sem valores por mês

Juntam os sonhos por ano

Dona Neuza, Inês. [1]

A base do repertório dos seus shows são as músicas “No Último Vagão”, “Diarista”, “De Volta Pra Casa”, “A Caminhada” e “Ganhe O Mapa”, lançadas a partir de 2015. [1]

No mesmo ano, Cocão foi convidado pela jornalista Renata Flores para participar do projeto “40 Vidas” – no qual ele fala sobre calma, leveza, tempo, espaço e a alegria de saber que suas poesias foram objeto de estudo do projeto “Existir e Resistir” em uma escola pública, em Taboão da Serra. [2]  

Em 2019, Cocão participou da gravação do trailer da série original da Netflix “A Irmandade”, criada por Pedro Morelli, diretor da O2 Filmes, contracenando ao lado do ator e cantor Seu Jorge. [3]

Em sua caminhada teve a oportunidade de dividir o palco com artistas renomados na cena do rap, como: Mano Brown, Edi Rock, GOG, Emicida, Thaíde, Criolo, Filosofia. [2]  

Lançamento do livro

Seu primeiro livro, “Para não dizer que não falei das ruas”, com prefácio de Sérgio Vaz e posfácio de KL Jay (DJ do grupo Racionais MC's), foi lançado em 22 de outubro de 2019. A obra reúne letras de músicas do grupo Versão Popular, composições com outros artistas e poesias soltas que retratam a vida dos moradores da periferia e as vivências de Cocão no Jardim Miriam e no Jardim São Luís, bairros que marcaram duas diferentes fases de sua vida. [1]

As primeiras inspirações para compor a obra surgiram a partir do trabalho cultural que realiza nas escolas em conjunto com a Cooperifa e dos conselhos do poeta e amigo Sérgio Vaz. A ideia era que o livro pudesse ser lido por todas as pessoas que fazem parte do seu cotidiano na comunidade e que elas pudessem se identificar nos versos. [1]

Avoz

Em 2018, decidiu lançar a “Avoz”, sua marca de roupas e acessórios. Atualmente, a loja funciona de forma virtual, e Cocão é o responsável pela criação do design e entrega das peças. [1]

Cooperifa e influência de Sérgio Vaz

Desde 2003, Cocão colabora com os saraus do Coletivo Cooperifa, realizados no bar do Zé Batidão, no bairro Jardim Letícia, na Zona Sul de São Paulo. O sarau é um símbolo da democratização da literatura nas periferias e todas as semanas reúne poetas de vários lugares da periferia. Criada pelo poeta Sérgio Vaz e Marco Pezão em 2001, a proposta tem como objetivo valorizar a literatura periférica e estimular o hábito da leitura e da produção literária na comunidade. [1] [4]

Em conjunto com o coletivo e Sérgio Vaz, Cocão realiza atividades culturais em escolas da periferia de São Paulo utilizando a poesia e o rap como ferramenta de transformação social. O projeto surgiu a partir da forte parceria entre a Cooperifa e professores, alunos e diretores de escola. [1]