Regina Ribeiro
Regina Lúcia Santos Ribeiro (Rio de Janeiro, 19 de dezembro de 1961), mais conhecida como Regina Ribeiro, é uma jogadora, técnica e professora de xadrez, considerada uma das maiores enxadristas brasileiras de todos os tempos. Regina conquistou o título de WMI (Mestre Internacional de Xadrez), representou o Brasil em dez edições da Olimpíada de Xadrez] e ganhou o Campeonato Brasileiro Feminino de Xadrez oito vezes, se tornando a maior vencedora do torneio.
Regina Lúcia Santos Ribeiro (Rio de Janeiro, 19 de dezembro de 1961), mais conhecida como Regina Ribeiro, é uma jogadora, técnica e professora de xadrez, considerada uma das maiores enxadristas brasileiras de todos os tempos. Regina conquistou o título de WMI (Mestre Internacional de Xadrez), representou o Brasil em dez edições da Olimpíada de Xadrez e ganhou o Campeonato Brasileiro Feminino de Xadrez oito vezes, se tornando a maior vencedora do torneio.
Infância e primeiros passos no esporte
Regina nasceu e cresceu no subúrbio do Rio de Janeiro, no bairro Senador Camará, localizado na zona oeste da cidade, onde frequentou a escola municipal Alba Canizares do Nascimento. Desde muito nova ela se demonstrava um pessoa extremamente competitiva e interessada em atividades intelectuais, queria aprender novos idiomas, gostava de jogos de tabuleiro e buscava sempre tirar a melhor nota da sala.
Na infância ela se sentia excluída pelos garotos da região, pois estes não a deixavam brincar de jogos de mesa e tabuleiro com eles. No entanto, aos 11 anos, ao assistir a uma entrevista de Henrique Mecking, o Mequinho (maior enxadrista brasileiro da história), concedida a Flávio Cavalcanti, ela conheceu o democrático e mentalmente exigente xadrez, pelo qual se apaixonou e ficou com muita vontade de praticar, ainda mais depois de ouvir que aqueles que o faziam eram considerados inteligentes.
Para começar a jogar, Regina usou uma folha de caderno para elaborar o tabuleiro e as peças do xadrez, e procurou saber tudo que podia sobre o esporte em uma enciclopédia Delta-Larousse, por ser o único material ao qual ela tinha acesso. Após alguns meses, em seu aniversário de 12 anos, seu pai a presenteou com um jogo de xadrez e, tempos depois, o livro “Aprenda a jogar xadrez corretamente” que ensinava o essencial para iniciantes no esporte.
Tendo estudado e praticado bastante, Regina passou a derrotar qualquer um que tivesse coragem de enfrentá-la, de vizinho a professora, com isso ganhou o respeito dos colegas e foi escolhida pela diretora para representar a escola em torneios de xadrez. Em um desses torneios, os Jogos Estudantis da Primavera do Rio de Janeiro de 1976, o qual disputou aos 14 anos e enfrentou jogadores federados, Regina realizou seu primeiro grande feito no esporte, a 2ª colocação.
Apesar do sucesso e da felicidade que o xadrez a proporcionava, ela ainda considerava o esporte um hobby e não enxergava a possibilidade de uma carreira profissional no mesmo. Por isso Regina pensou em se tornar militar, assim como seu pai, porém no dia da inscrição para a aeronáutica, em 1982, ela teve que escolher entre fazer a inscrição ou viajar para Mogi Guaçu para jogar o Campeonato Brasileiro Feminino de Xadrez, e ela optou por disputá-lo, desistindo da oportunidade na carreira militar.
Música
Em um dos campeonatos que Regina participou ainda no ensino médio, ela foi a um colégio particular de classe alta e se deparou com diversos alunos tocando variados instrumentos, o que a impressionou bastante e despertou nela a vontade de fazer parte desse mundo. Logo ela entrou na banda de sua escola onde aprendeu a tocar o trompete.
Em 1980, após terminar o ensino médio e com o sonho de tocar na Orquestra Sinfônica Brasileira, ela consegue uma vaga na Escola de Música Villa-Lobos, mas como ela não tinha dinheiro para comprar um trompete e o que ela usava pertencia a escola, ela passou a estudar flauta doce.
Entradas e Bandeiras
Nessa época Regina começou a participar da banda Entradas e Bandeiras, que produzia músicas folclóricas em arranjos eruditos, na qual Regina tocava trompete. O grupo chegou a gravar um LP e participar de programas de televisão, além de realizar diversos shows.
Em 1982, após ter se classificado para a Olimpíada de Xadrez em Lucerna na Suíça, Regina teve que sair da banda, que tinha show marcado com Luiz Gonzaga, para focar no esporte.
Alguns anos depois, ao chegar em Blumenau, ela ainda estudou música por um tempo, mas devido às constantes viagens para disputar os torneios e, consequentemente, a falta de tempo para praticar, ela teve que desistir de vez da carreira musical.
Blumenau
Ao voltar das olimpíadas de 1982, Regina recebeu o convite de outra jogadora e amiga pessoal para se mudar para Blumenau, onde poderia propagar o xadrez pelas escolas e órgãos esportivos da cidade. O convite foi aceito e, em 1983, Regina partiu para Santa Catarina, região em que ela se tornou uma grande e respeitada figura do esporte, devido a quantidade de projetos criados e títulos conquistados.
Universidade
Aos 19 anos, em 1981, Regina ingressou no curso de Letras na UERJ visando se formar professora e aprender novas línguas. Ela acabou tendo que abandonar o curso ao se mudar para Blumenau, mas conseguiu se tornar professora (de xadrez) e atualmente fala português, inglês e alemão.
Chegando em Blumenau, em 1983, ela passou a cursar Educação Física pensando na influência que ela poderia ter como professora para tentar implantar o xadrez na grade da matéria nas escolas. Por causa das várias interrupções provocadas pelos torneios e projetos, Regina se formou apenas em 2000.
Campeonatos
Em 1979 participa do Campeonato Carioca de Xadrez, fica entre as 5 primeiras e conquista uma vaga para disputar o campeonato brasileiro em Laguna, primeira vez que ela sai do Estado do Rio de Janeiro.
No mesmo ano, em sua primeira participação na 21ª edição do Campeonato Brasileiro Xadrez, em Laguna, na categoria feminina, Regina conquistou a oitava colocação. No ano seguinte, na 22ª edição do torneio, na mesma cidade que sediou o evento no ano anterior, a enxadrista terminou na terceira colocação.
A coroação máxima nacional só veio em 1982, na 24ª edição do Campeonato Brasileiro de Xadrez, realizado em Mogi Guaçu, ela ficou empatada na primeira colocação com a medalhista olímpica Jussara Chaves. Esse título concedeu a Regina o direito de participar da Olimpíada de 1982.
Campeonato Estadual
Após ficar entre as 5 melhores em sua primeira participação do Campeonato Estadual do Rio de Janeiro Femino de Xadrez, ela conquistou o bicampeonato consecutivo do torneio fluminense nos anos de 1980 e 1981. Após isso deixou o Estado e foi morar em Santa Catariana, onde sagrou-se campeã catarinense 1983 e 2015.
Ela detém dezenove títulos dos Jogos Abertos de Santa Catarina (JASC), campeonato em que ela participou em 33 ocasiões desde 1984.
Campeonato Brasileiro
Regina é a detentora do recorde de títulos do Campeonato Brasileiro Feminino de Xadrez, foi oito vezes campeã no anos de 1982 (Mogi Guaçu); 1984 (Peabiru); 1985 (Guarapari); 1987 (Canela); 1990 (Rio de Janeiro); 1992 (São Sebastião); 2003 (Miguel Pereira) e 2006 (São Paulo).
Olímpiadas
Ela ainda conta com 10 participações nas Olimpíadas de Xadrez (1982, 1984, 1986, 1988, 1992, 1994, 2000, 2004, 2006 e 2010). Seu maior feito foi a medalha de bronze na Olimpíada de Xadrez de Manila (1992) no terceiro tabuleiro.
Títulos internacionais
Em 1985 ela participa do campeonato sul-americano e atinge pontuação suficiente para ganhar a condecoração de Mestra internacional em Xadrez (WMI).
Regina Ribeiro foi uma das primeiras atletas da modalidade a conseguir um patrocínio, a responsável foi a empresa Dental Cremer que financiou a atleta entre 1985 a 1995, anos em sua frequência em participação em torneios internacionais aumentou. Foi campeã da categoria Expert (U2000) do US Open em 1986 no condado de Somerset, além do US National Open em Las Vegas 1993.
Professora, Instrutora e Treinadora
Regina começou sua carreira de instrutora no Projeto Cuca Legal quando ainda estava no Rio de Janeiro, dando aula de xadrez para jovens em periferias.
Como um dos motivos para se mudar para Blumenau foi justamente a garantia do emprego de professora de xadrez com carteira assinada, Regina começou a lecionar assim que chegou lá e não parou até hoje.
Em 1989 começou a dar aula no Colégio Bom Jesus Santo Antônio, onde permanece até hoje.
Em 2017 ela recebeu outro título da FIDE, o de instrutora oficial.
Regina exerce a função de técnica na Secretaria Municipal do Esporte de Blumenau desde 1983.
Além disso, ela foi técnica da equipe brasileira na Gymnasiade de 2016 (Turquia) e 2018 (Marrocos).
Em 2021 Regina Ribeiro foi eleita presidente do Clube de Xadrez de Blumenau.
Projetos Sociais
Regina é responsável pela criação ou cocriação de uma série de projetos sociais que têm como objetivo a divulgação e democratização do xadrez pelo Brasil, mas principalmente por Santa Catarina, onde é considerada ícone e foi nomeada Comendadora do Esporte.
Programa Ceval de Xadrez nas Escolas (1996 a 2000); Projeto Bluluzinhas (desde 2003); Projeto MEXE - Movimento Educacional de Xadrez Escolar (desde 2017); Projeto Caravana Santa Catarina/MEXE (2019); Projeto Caravana Barriga Verde (2021).
Livros escritos
XADREZ PARA INICIANTES (Editora Todolivro, 2003);
Projeto em parceria com a Livraria Alemã realizado em um formato ideal para o aprendizado infantil.
UM JOGO CHAMADO XADREZ (Editora Bom Jesus, 2017);
UM REINO CHAMADO XADREZ (Editora Bom Jesus, 2017); NO MUNDO XADREZ TIM TIM POR TIM TIM (Editora Bom Jesus, 2017).
Projeto em parceria com a própria escola onde Regina lecionava, composto por uma série de materiais paradidáticos e com versões em inglês também. Os livros serviram de base para os professores de educação física ensinarem o xadrez às crianças.
Obras publicadas