Nilo Peçanha

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Nilo Procópio Peçanha GCSE (Campos dos Goytacazes, 2 de outubro de 1867Rio de Janeiro, 31 de março de 1924) foi um político brasileiro. Assumiu a Presidência da República após o falecimento de Afonso Pena, em 14 de junho de 1909[1] e governou até 15 de novembro de 1910.[2][3][4][5][6][7][8][9][10][11][12][13][14][15][16]Predefinição:Excesso de referências Nilo Peçanha é patrono da educação profissional e tecnológica no Brasil.[17]

Origem e carreira política

Primeiros anos

Nilo Peçanha nasceu em 2 de outubro de 1867 em Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro, filho de Sebastião de Sousa Peçanha, padeiro, e de Joaquina Anália de Sá Freire, descendente de uma família de agricultores.[1] Teve quatro irmãos e duas irmãs. A família vivia pobremente em um sítio no atual distrito de Morro do Coco, Campos dos Goytacazes, até que se mudou para o centro da cidade quando Nilo Peçanha chegou à idade escolar.[18] Seu pai era conhecido na cidade como "Sebastião da Padaria".[7]

Fez os estudos preliminares em sua cidade, no Colégio Pedro II. Estudou na Faculdade de Direito de São Paulo e depois na Faculdade do Recife, onde se formou.[1]

Casou-se com Ana de Castro Belisário Soares de Sousa, conhecida como "Anita", descendente de famílias aristocráticas e ricas de Campos dos Goytacazes, neta do Visconde de Santa Rita e bisneta do Barão de Muriaé e do primeiro Barão de Santa Rita. O casamento foi um escândalo social, pois a noiva teve que fugir de casa para se casar com um pobre e mulato, embora político promissor.[7]

Foi descrito como sendo mulato[3][5][6][10] e frequentemente ridicularizado na imprensa em charges e anedotas que se referiam à cor da sua pele.[2][19][9] Durante sua juventude, a elite social de Campos dos Goytacazes chamava-o de "o mestiço de Morro do Coco".[7]

Carreira na política

Participou das campanhas abolicionista e republicana. Iniciou a carreira política ao ser eleito para a Assembleia Constituinte em 1890. Em 1903 foi eleito sucessivamente senador e presidente do estado do Rio de Janeiro, permanecendo no cargo até 1906 quando foi eleito vice-presidente de Afonso Pena. Como presidente do estado do Rio de Janeiro, assinou, em 26 de fevereiro de 1906, o Convênio de Taubaté.[20]

4 dias após o Convênio de Taubaté, em 1 de março de 1906, foi eleito vice-presidente da república, com 272.529 votos contra apenas 618 votos dados a Alfredo Varela.[21]

Seus seguidores eram chamados de nilistas.

Foi maçom e Grão-mestre do Grande Oriente do Brasil de 23 de julho de 1917 a 24 de setembro de 1919, quando renunciou ao cargo.

Em 1921, quando concorreu à presidência da República como candidato de oposição, a imprensa publicou cartas atribuídas falsamente ao candidato governista, Artur Bernardes, que causaram uma crise política, pois insultavam o ex-presidente Marechal Hermes da Fonseca,[22] representante dos militares, e também Nilo Peçanha, que era xingado de mulato. Gilberto Freyre, escrevendo sobre futebol, usou-o como paradigma do mulato que vence usando a malícia e escondendo o jogo mencionando que "o nosso estilo de jogar (…) exprime o mesmo mulatismo de que Nilo Peçanha foi até hoje a melhor afirmação na arte política".[23]

Controvérsia racial

Alguns pesquisadores afirmam que suas fotografias presidenciais eram retocadas para branquear sua pele escura.[19][24][25] Alberto da Costa e Silva afirma que Nilo Peçanha foi um dos quatro presidentes brasileiros que esconderam os seus ancestrais africanos, sendo os outros Campos Sales, Rodrigues Alves e Washington Luís.[26] Já o presidente Fernando Henrique Cardoso, apesar de se considerar da etnia branca, confirmou ter entre seus ancestrais uma escrava.[27]

Abdias Nascimento afirma que, apesar de sua tez escura, Nilo Peçanha escondeu suas origens africanas e que seus descendentes e família sempre negaram que ele fosse mulato.[16]

A biografia oficial escrita por um parente, Celso Peçanha,[28] nada menciona sobre suas origens raciais, mas uma outra biografia posterior o faz.[3] Portanto, alguns pesquisadores expressam dúvidas sobre se Nilo Peçanha era ou não mulato.[29] Em qualquer caso, suas origens foram muito humildes: ele mesmo contava ter sido criado com "pão dormido e paçoca".[7]

Presidente da República

Com a morte de Afonso Pena em 1909, assumiu o cargo de presidente. Seu governo foi marcado pela agitação política em razão de suas divergências com Pinheiro Machado, líder do Partido Republicano Conservador.

Durante seu governo, Nilo Peçanha criou o Ministério da Agricultura, Comércio e Indústria, o Serviço de Proteção aos Índios (SPI, antecessor da Funai). Durante seu breve período na presidência da República, Nilo Peçanha tomou a iniciativa de criar as Escolas de Aprendizes e Artífices, precursoras dos atuais Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefets); por esta razão o ex-presidente é o patrono da educação profissional e tecnológica no Brasil, através da Lei 12.417/2011, que oficializou a homenagem em 2011.[17]

Apoiou o candidato Hermes da Fonseca a sua sucessão em 1910, contra Rui Barbosa e o presidente de São Paulo Albuquerque Lins, candidatos de oposição que fizeram a campanha civilista. Hermes venceu as eleições e elegeu-se presidente da república em 1º de março de 1910, para governar até 1914. Os conflitos entre as oligarquias estaduais intensificaram-se, sobretudo em Minas Gerais e São Paulo. Minas Gerais apoiou Hermes e São Paulo apoiou Rui Barbosa, lançando seu presidente estadual Albuquerque Lins à vice presidência na Campanha Civilista.

Arquivo:Placa de Inauguração da I Reforma Republicana da Quinta - 1910. Foto de Raphael Garcez.jpg
Placa de Inauguração da I Reforma Republicana da Quinta - 1910. Foto de Raphael Garcez

Vida após a presidência

Arquivo:Nilo Peçanha - Selo.jpg
Selo dos Correios com a imagem de Nilo Peçanha.
Arquivo:Carta de renúncia de Nilo Procópio Peçanha.tif
Carta de renúncia de Nilo Procópio Peçanha ao cargo de Vice-presidente de República que seria apresentada ao Congresso Nacional, em 1907.

Ao fim do seu mandato presidencial, retornou ao Senado em 1912 e, dois anos depois, novamente elegeu-se presidente do Estado do Rio de Janeiro. Renunciou a este cargo em 1917 para assumir o Ministério das Relações Exteriores. Em 1918 novamente elegeu-se senador federal.

A 14 de junho de 1920 Portugal o agraciou com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada.[30]

Em 1921 candidatou-se à presidência da República pelo Movimento Reação Republicana, que tinha como objetivo contrapor o liberalismo político à política das oligarquias estaduais. Embora as situações pernambucana, baiana, gaúcha e fluminense, e boa parte dos militares, o apoiassem, Artur Bernardes o derrotou nas eleições de 1o de março de 1922. O presidente da república na época, Epitácio Pessoa, não participou das negociações (démarches, no galicismo corrente à época), sobre sua sucessão presidencial.

Artur Bernardes teve 466 877 votos contra 317 714 votos dados a Nilo Peçanha. Nilo teve apoio apenas dos estados do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Pernambuco e Bahia.[21]

Faleceu em 1924, no Rio de Janeiro, afastado da vida política, e foi sepultado no Cemitério de São João Batista.

Homenagens

O nome do município fluminense Nilópolis, fundado em 1947, na região metropolitana do Rio de Janeiro o homenageia. No estado da Bahia desde 1930 há o município de Nilo Peçanha em homenagem ao ex-presidente.

Ministros

1 Agricultura, Indústria e Comércio Antônio Cândido Rodrigues
Francisco Sá
Rodolfo Nogueira da Rocha Miranda
2 Fazenda José Leopoldo de Bulhões Jardim
3 Guerra Luís Mendes de Morais
Carlos Eugênio de Andrade Guimarães
José Bernardino Bormann
4 Justiça e Negócios Interiores Augusto Tavares de Lira
Esmeraldino Olímpio Torres Bandeira
5 Marinha Alexandrino Faria de Alencar
6 Relações Exteriores José Maria da Silva Paranhos Júnior
7 Viação e Obras Públicas Miguel Calmon du Pin e Almeida
Francisco Sá


Bibliografia

  • KOIFMAN, Fábio; Organizador - Presidentes do Brasil; Editora Rio; 2001.
  • PEÇANHA, Celso; Nilo Peçanha e a Revolução Brasileira; Editora Civilização Brasileira; 1969.
  • PEÇANHA, Nilo, Economia e Finanças: Campanha Presidencial (1921-1922), Editora Imprensa Nacional, 1922.
  • SILVA, Hélio; Nilo Peçanha – 7º Presidente do Brasil; Editora Três; 1983.
  • SANTIAGO; Sindulfo, Nilo Peçanha, uma Época Política; Editora Sete; 1962.
  • TINOCO, Brígido; A Vida de Nilo Peçanha; Editora Jose Olympio; 1962.

Ligações externas

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[31][32][29][33][34][35][36][9][10][28][23].[37][38][39][40]

  1. 1,0 1,1 1,2 [1] [2] [3].
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  3. 3,0 3,1 3,2
  4. [4] [5] [6].
  5. 5,0 5,1 [7] [8] [9][ligação inativa]Predefinição:Testes outro.
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  8. [16] [17] [18].
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  11. [25] [26] [27].
  12. [28] [29] [30]
  13. [31] [32] [33].
  14. [34] [35] [36].
  15. [37] [38] [39]
  16. 16,0 16,1 [40] [41] [42].
  17. 17,0 17,1 [43] [44] [45].
  18. [46] [47] [48].
  19. 19,0 19,1 Predefinição:Citar livro.
  20. LACOMBE, Lourenço Luiz. Os chefes do Executivo Fluminense. Petrópolis, RJ : Museu Imperial, 1973.
  21. 21,0 21,1 Predefinição:Citar livro
  22. Predefinição:Citation.
  23. 23,0 23,1 Predefinição:Citation apud Predefinição:Citation. Erro de citação: Etiqueta inválida <ref>; Nome "freyre" definido várias vezes com conteúdo diferente
  24. [49] [50] [51]
  25. Predefinição:Citation.
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  27. [52] [53] [54]
  28. 28,0 28,1 [55] [56] [57] Erro de citação: Etiqueta inválida <ref>; Nome "neto" definido várias vezes com conteúdo diferente
  29. 29,0 29,1 [58] [59] [60] Erro de citação: Etiqueta inválida <ref>; Nome "metraux" definido várias vezes com conteúdo diferente
  30. [61] [62] [63].
  31. BEATTIE, Peter M. The Tibute of Blood: Army, Honor, Race, and Nation in Brazil, 1864-1945. Duke University Press, 2001. ISBN 0822327430,9780822327431. pp. 7. (visited September 3, 2008)
  32. GIFFIN, Donald W. The Hispanic American Historical Review, Vol. 44, No. 3 (Aug., 1964), pp. 437-439. Review of TINOCO, Brígido. A vida de Nilo Peçanha. Coleção Documentos Brasileiros, Livraria José Olympio Editora, RJ, 1962. (visited September 3, 2008)
  33. ANDRADE, Manuel Correia de. A Civilização Açucareira. Recife:Biblioteca On-line do SEBRAE-PE. pp. 3[ligação inativa]Predefinição:Testes outro (visited August 8, 2008)
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  35. VASCONCELLOS, Francisco de. As Grandes Damas do Rio Negro na República Velha in Petrópolis:Tribuna de Petrópolis; May 20, 2001 Predefinição:Wayback (visited August 9, 2008)
  36. LUSTOSA, Isabel. As Trapaças da Sorte: Ensaios de História Política e de História Cultural. Belo Horizonte: Editora UFMG, 314 pages, 2004. Reviewed by Adelto Gonçalves. Elite "branca" no Brasil. Storm Magazine Predefinição:Wayback (visited September 3, 2008)
  37. Dagoberto José Fonseca, anthropology professor of Universidade Estadual Paulista (UNESP) of Araraquara. In: Painéis resgatam negros ilustres, 'branqueados' pela história Predefinição:Wayback (visited September 3, 2008)
  38. Muniz Sodré, journalist, writer and professor of Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). In: Fabio Gomes. Muniz Sodré e a Cultura do Sentir. Brasileirinho, a sua página de Música Brasileira Predefinição:Wayback (visited September 3, 2008)
  39. Alberto da Costa e Silva. Interview published in Zero Hora; Caderno Cultura; July 14, 2007. Republished in Entrevista: Alberto da Costa e Silva. Fundação Astrojilgo Pereira (visited September 3, 2008)
  40. NASCIMENTO, Abdias; NASCIMENTO, Elisa Larkin. O negro e o Congresso brasileiro. In: MUNANGA, Kabengele. (Org.) História do negro no Brasil. v.1 Brasília:Fundação Palmares, 2004 apud DUARTE, Rebeca Oliveira. Nos Alicerces do Mundo: O dilema e a dialética na afirmação da identidade negra. Dissertação de Mestrado em Ciência Política. Recife: Universidade Federal de Pernambuco, agosto de 2006; pág. 25[ligação inativa]Predefinição:Testes outro, and also apud Relatório de Desenvolvimento Humano - Racismo, Pobreza e Violência - Brasil 2005. Brasília: PNUD Brasil, pág. 28 (visited September 3, 2008)