Ale Santos

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Ale Santos, autor afrofuturista, podcaster e storyteller.

Nome completo: Alexandre de Oliveira Silva dos Santos

Nascimento:24 de setembro de 1986 (35 anos), Cruzeiro, São Paulo

Nacionalidade: Brasileiro

Ocupação: Escritor, podcaster, ativista, comunicador digital, storyteller

Prêmios: “Rastros de Resistência” (Panda Books): Finalista do Prêmio Jabuti 2020 na categoria Ciências Humanas; 50 mais criativos pela Wired Festival em 2020; vencedor na categoria “Pilar Cultura: Representatividade em novos formatos” do prêmio Sim à igualdade racial 2020.


Alexandre de Oliveira Silva dos Santos (Cruzeiro, São Paulo, 24 de setembro de 1986), conhecido por Ale Santos, é autor afrofuturista, podcaster, ativista, comunicador digital e storyteller. Ele é escritor finalista do Prêmio Jabuti 2020, foi considerado uma das “50 pessoas mais criativas” pela Wired Festival e foi vencedor na categoria “Pilar Cultura: Representatividade em novos formatos” do prêmio “Sim à Igualdade Racial 2020”, premiação que busca reconhecer os principais nomes que atuam em prol da igualdade racial no país. Em 2019, seu primeiro livro “Rastro de Resistência” foi publicado pela Panda Books. A produção entrou para o clube de literatura da ONU e está presente em várias bibliotecas de universidades nos Estados Unidos. Em 2021, lançou o romance O Último Ancestral pela HarperCollins Brasil. No assunto podcast, faz parte do Infiltrados No Cast e é criador da série Ficções Selvagens.


Biografia

Infância e Adolescência

Nascido na região periférica de Cruzeiro, no estado de São Paulo, próximo à divisa com Minas Gerais, Ale Santos se mudou para Taubaté em 1995, onde se estabeleceu até os anos 2000. Foi o momento em que teve o primeiro contato com o RPG (Role-Playing Game), algo que o acompanha até os dias atuais [1]. Naquela época, era um jovem que consumia muito a cultura geek como o Senhor dos Anéis, Pokémon e revistas em quadrinhos [2].

Nos anos 2000, voltou a morar em Cruzeiro. Iniciou o ensino médio na escola pública. Cursou Senai, mas não se encontrou como mecânico, o que o fez quase desistir do curso. A escolha não era por afinidade, mas porque toda a cidade se preparava para trabalhar na fábrica local que rendia grande parte dos empregos aos moradores da região [3].


Atletismo

Na volta à cidade natal, Ale Santos também teve uma vida no atletismo. Correndo 100 metros rasos, entrou no ranking brasileiro e ganhou campeonatos regionais [4]. Foi uma época em que ele apresentava um forte problema de autoestima. O esporte, segundo ele, o fez enxergar que até dentro de sua própria escola as pessoas o viam de outra maneira, como o “cara que representava a cidade nos campeonatos” [5].

Para Ale, sua fase de velocista foi essencial para o fortalecimento de sua autoestima e construção de amor-próprio. Ele encontrou no atletismo algo em que ele se sentia pertencente [6].

Ale correu dos 15 aos 18 anos de idade. Ganhou vários campeonatos regionais, entrou para alguns rankings entre os 10 primeiros e chegou a concorrer com atletas adultos [7]. De acordo com o escritor, ele traz a disciplina, determinação e exploração das complexidades emocionais que o esporte lhe ensinou para escrever nos dias de hoje. A forma de lidar com sua escrita foi fruto dessa etapa.


Vida acadêmica

Ganhou uma bolsa por meio das cotas raciais para cursar Publicidade e Propaganda na cidade de Lorena [8], faculdade que hoje recebe o nome de UNIFATEA - Centro Universitário Teresa D’Ávila. Por ter afinidade com escrita e com RPG, Ale teve uma dedicação maior à redação publicitária e à internet. Neste momento, teve contato com muitas áreas. Exerceu design gráfico, produção gráfica, redator entre outros durante este período [9].

Na época da faculdade, Ale ganhou um concurso da Icatu Hartford [10], que tinha como prêmio poder escolher qualquer curso que quisesse na ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing), em São Paulo. Ale escolheu cursar “Estratégia de Games para Comunicação e Marketing”. A ideia era aprender algo que gerasse uma renda fazendo coisas que ele realmente acreditava como jogos e histórias. Segundo o autor, na área da propaganda ele se decepcionou com um ambiente cheio de pessoas arrogantes e racistas [11].

De família humilde, Ale se dedicou muito na faculdade e fez alguns cursos que possibilitou, no quarto ano de estudo, já dar algumas palestras sobre social media [12] na região do Vale do Paraíba. O seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) foi sobre gameficação. Participou do Social Media Brasil. Começou o blog RPG Vale, há mais de 13 anos, sobre game e RPG, garantindo seu acesso como imprensa nos eventos. Foi ao primeiro Brasil Game Show .

Naquele momento, enxergou a ligação entre o que gostava e como ganhar dinheiro com isso, exercendo o papel de comunicador. Ale Santos deu palestra sobre gameficação na Campus Party [13], festival de maior experiência geek e tecnológica do mundo.


Carreira profissional

Onde tudo começou

A vida de Alê mudou após um tuíte postado. Ele usa a plataforma desde 2009 e tinha um perfil voltado ao RPG chamado “rpgista” [14]. O escritor, então, viu no twitter uma forma de se conectar com a comunidade gamer e fazer postagens e comentários sobre jogos.

Segundo o comunicador, ele ainda não sabia que a rede social permitia fazer threads, com narrativas mais longas e melhores elaboradas. Foi apenas em 2018 que ele tomou conhecimento da ferramenta e começou a utilizá-la, uma vez que dava engajamento.

A primeira que viralizou foi sobre o Leopoldo, rei belga que colonizou o Congo [15]. Depois que ele fez três threads que viralizaram, como a do Leopoldo e da Vênus Negra, começou a dar entrevistas para jornais e iniciou sua jornada como escritor profissional [16].

Uma matéria realizada no BuzzFeed.News, em 2018, por Tatiana Farah, explica como ele utilizou as threads do Twitter para combater o racismo com informação. A matéria conta o sucesso dele na rede social. Na época, Ale deixou de lado a fantasia para mergulhar na história real do povo negro, falando sobre heróis africanos, diáspora, acontecimentos interessantes e curiosidades da cultura negra mundial.


Da desistência para a Ascensão

Em 2013, o comunicador representou o Brasil na Antologia Mundial de Sci-Fi e foi jurado da edição brasileira do concurso.

Ale foi convidado a enviar um conto para o concurso, transformando-o em juiz da edição brasileira. A Intel International gostou de seu trabalho e publicou o conto em uma Ontologia. Escritor de gaveta, ele comenta que nenhuma editora se interessou pelo seu trabalho, fazendo-o desistir de realizar produções autorais e continuando apenas a trabalhar com business e gamificação até 2018.

A partir de 2018, começou sua jornada na criação de threads, onde muita gente conheceu o seu trabalho como storyteller e, consequentemente, ganhou muitos seguidores. Com o sucesso de suas threads, Alê iniciou a produção de matérias para veículos de comunicação, como, por exemplo, o Intercept e a Revista Superinteresse. Também foi colunista da VICE e da Ponte Jornalismo, além de produzir conteúdo para o Mundo Negro [17].

Nesse período, o autor de sci-fi & fantasia afro-americana recebeu um contrato para transformar suas threads em livro. Em 2019, seu primeiro livro “Rastro de Resistência” foi publicado pela Panda Books. O livro entrou para o clube de literatura da ONU e está presente em várias bibliotecas de universidades nos Estados Unidos.


Afrofuturismo

O Afrofuturismo é um movimento cultural e político que coloca o protagonismo negro como centro através do cinema, literatura, música e outras formas de expressão [18]. Para o escritor, o termo que mais se aplica ao seu estilo de escrita é a ficção afrofuturista, pois o afrofuturismo em si pode estar falando de muitas coisas.

Segundo Ale, seu comprometimento com esse movimento é enquanto escritor de ficção científica, de imaginar possibilidades que não são aplicadas em nossa realidade [19]. Para ele, a ficção afrofuturista é uma conexão das tradições da ficção científica com a ancestralidade negra. Colocando em pauta a negritude e considerando a cultura e o intelecto negro que foi desprezado pela ciência e pelos intelectuais do passado.

A ficção afrofuturista é a apropriação da ficção científica trazendo a existência de pessoas negras no centro da discussão [20].


Conto, livros, podcasts e conquistas

Considerado um importante momento para o autor, em 2019, Ale publicou o conto afrofuturista chamado “Cangoma” que discute sobre o sistema de encarceramento em massa do Brasil, inteligência artificial e como essas duas facetas se relacionam. O conto foi publicado dentro de uma coletânea intitulada “Todo mundo tem uma primeira vez” pela plataforma21, 2019.

No ano de 2020, o escritor foi finalista do Prêmio Jabuti 2020, um dos mais importantes da literatura brasileira. “Rastro de Resistência” foi o primeiro livro do autor e conta a história de personagens negros que tiveram suas histórias apagadas ou silenciadas ao longo do tempo. A obra tomou grandes proporções e hoje é utilizada também como meio de educação nas escolas brasileiras [21].

No mesmo ano, o escritor de threads virou podcaster atuando em Ficções Selvagens'[22]', podcast de ficção científica com maior produção no Brasil. Aqui, Ale conta suas histórias que não foram publicadas ou compradas do gênero fantástico.

O podcast é uma série original da Orelo de Ficção Científica e já recebeu mais de 20 atores, dentre eles alguns globais como Edson Montenegro. Além disso, o conteúdo foi dirigido por Ian SBF, co-criador do “Porta dos Fundos”, e produzido pela Nina Filmes.

Alguns veículos de comunicação como, “Mundo Negro”, “Jovem Nerd”, “Vivente Andante” e “Updade or Die” já produziram matérias analisando e divulgando o “Ficções Selvagens”.

Outro podcast de Alê Santos é o “Infiltrados no Cast", um programa exclusivo do Spotify que traz discussões políticas e investigações históricas de forma mais descontraída. O podcast apresenta debates de assuntos polêmicos e relevantes da atualidade através da perspectiva negra-brasileira.

Dentre suas conquistas, no ano de 2019, ele foi eleito Top Voice do LinkedIn e, em 2020, foi considerado uma das 50 pessoas mais criativas do Brasil pela Wired Creative Festival.

O comunicador digital lançou, em novembro de 2021, o livro “O último ancestral”. Por meio da ficção científica, a obra utiliza elementos do afrofuturismo. “Numa fantasia urbana eletrizante, trazendo referências da fé, cultura e história africana no Brasil”, como promete a editora HarperCollins Brasil.


Estilo de escrita e criação

A pesquisa de Ale é muito baseada em suas emoções [23]. Para ele, as emoções são essenciais para a busca por qualquer história, seja ela jornalística, fantástica ou a escrita tradicional. É desta forma que ele consegue emocionar as pessoas e atingir uma linguagem mais íntima com os leitores [24].

O modo em que ele é guiado pelas emoções tem muito a ver com sua infância [25]. O seu estilo de narrativa foi bastante influenciado por ser fã de RPG desde pequeno. O criador de conteúdo costumava jogar quase todos os dias, o que fazia ele exercitar sua imaginação e seu método de contar histórias. O videogame foi uma das mais importantes ferramentas que fez ele virar o escritor que é hoje [26].

Alê também é considerado um dos principais autores do afrofuturismo. Esse gênero, voltado para ficção científica e tecnologia, coloca todos os conhecimentos e contribuições da história e cultura negra em evidência [27]. Para o autor, é uma forma de colocar a religiosidade, a experiência negra e a ficção científica na mesma narrativa. Ele usa muito da estética e de características do trap, hip hop, funk e rap como elementos no seu afrofuturismo [28].

Segundo o autor, o seu comprometimento com esse gênero de ficção é romper com narrativas brancas e construir imagens positivas e heróicas sobre a cultura afro, além de criar concepções que alertam para discussões raciais e sociais tão necessárias para a população enquanto sociedade [29].


Prêmios e homenagens

  • “Rastros de Resistência” (Panda Books): Finalista do Prêmio Jabuti 2020 na categoria Ciências Humanas
  • Bronze no Prêmio Top Blog - Juri popular, na categoria Blogs de Games, 2012
  • Bronze no Prêmio Top Blog - Juri acadêmico, na categoria Blogs de Games, 2011
  • Bronze no Prêmio Top Blog - Juri acadêmico, na categoria Blogs de Games, 2010
  • Prata no Prêmio Top Blog - Juri popular, na categoria Blogs de Games, 2010


Bibliografia:

https://www.podchaser.com/creators/al%C3%AA-santos-107aIW2XIY https://afroliteraria.com.br/news/ale-santos-lanca-podcast-para-falar-sobre-negritude/

https://mundonegro.inf.br/novo-podcast-de-ale-santos-ficcoes-selvagens-levanta-discussao-sobre-os-problemas-sociais-no-brasil/

https://viventeandante.com/ficcoes-selvagens-ale-santos-cria-novo-podcast-em-parceria-com-a-orelo/

https://mundonegro.inf.br/novo-podcast-de-ale-santos-ficcoes-selvagens-levanta-discussao-sobre-os-problemas-sociais-no-brasil/

http://mirafilmes.net/photos/ficcoes-selvagens

https://jovemnerd.com.br/nerdbunker/ficcoes-selvagens-podcast-sci-fi-mistura-problemas-sociais-e-realidade-fantastica/

https://www.updateordie.com/2020/11/25/ficcoes-selvagens-um-podcast-brasileiro-inedito-de-ficcao-cientifica/

https://www.linkedin.com/in/savagefiction/?originalSubdomain=br

https://www.buzzfeed.com/br/tatianafarah/este-escritor-brasileiro-esta-contando-historias-do-povo


Ligações externas:

https://www.linkedin.com/in/savagefiction/

https://alesantos.me/

https://theintercept.com/equipe/ale-santos/

https://super.abril.com.br/especiais/os-herois-desconhecidos-da-escravidao/

https://www.vice.com/pt/topic/guia-historicamente-correto-do-brasil

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Referências

  1. [1] Entrevista concedida ao projeto WikiAfro em 14 de outubro de 2021.
  2. [2] Entrevista concedida ao projeto WikiAfro em 14 de outubro de 2021.
  3. [3] Entrevista concedida ao projeto WikiAfro em 14 de outubro de 2021.
  4. [4] Entrevista concedida ao projeto WikiAfro em 14 de outubro de 2021.
  5. [5] Entrevista concedida ao projeto WikiAfro em 25 de outubro de 2021.
  6. [6] Entrevista concedida ao projeto WikiAfro em 25 de outubro de 2021.
  7. [7] Entrevista concedida ao projeto WikiAfro em 25 de outubro de 2021.
  8. [8] Entrevista concedida ao projeto WikiAfro em 14 de outubro de 2021.
  9. [9] Entrevista concedida ao projeto WikiAfro em 14 de outubro de 2021.
  10. [10] Entrevista concedida ao projeto WikiAfro em 14 de outubro de 2021.
  11. [11] Entrevista concedida ao projeto WikiAfro em 14 de outubro de 2021.
  12. [12] Entrevista concedida ao projeto WikiAfro em 14 de outubro de 2021.
  13. [13] Entrevista concedida ao projeto WikiAfro em 14 de outubro de 2021.
  14. [14] Entrevista concedida ao projeto WikiAfro em 14 de outubro de 2021.
  15. [15] Entrevista concedida ao projeto WikiAfro em 25 de outubro de 2021.
  16. [16] Entrevista concedida ao projeto WikiAfro em 14 de outubro de 2021.
  17. [17] Entrevista concedida ao projeto WikiAfro em 14 de outubro de 2021.
  18. [18] Entrevista concedida ao projeto WikiAfro em 25 de outubro de 2021.
  19. [19] Entrevista concedida ao projeto WikiAfro em 25 de outubro de 2021.
  20. [20] Entrevista concedida ao projeto WikiAfro em 14 de outubro de 2021.
  21. [21] Entrevista concedida ao projeto WikiAfro em 14 de outubro de 2021.
  22. [22] Entrevista concedida ao projeto WikiAfro em 14 de outubro de 2021.
  23. [23] Entrevista concedida ao projeto WikiAfro em 14 de outubro de 2021.
  24. [24] Entrevista concedida ao projeto WikiAfro em 14 de outubro de 2021.
  25. [25] Entrevista concedida ao projeto WikiAfro em 14 de outubro de 2021.
  26. [26] Entrevista concedida ao projeto WikiAfro em 14 de outubro de 2021.
  27. [27] Entrevista concedida ao projeto WikiAfro em 14 de outubro de 2021.
  28. [28] Entrevista concedida ao projeto WikiAfro em 14 de outubro de 2021.
  29. [29] Entrevista concedida ao projeto WikiAfro em 14 de outubro de 2021.